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"Ditadura do coronavírus" é uma das "despalavras" de 2020

12 de janeiro de 2021

Todos os anos, uma palavra ou frase em alemão é selecionada para destacar expressões depreciativas. Pela primeira vez, júri escolhe dois termos .

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Manifestante cheio de máscaras e cobrindo os olhos, mas não nariz e boca, em protesto contra medidas restritivas impostas para conter ao avanço da covid-19
Manifestante em protesto contra medidas restritivas impostas para conter ao avanço da covid-19Foto: Sebastian Kahnert/dpa/picture alliance

Pela primeira vez, dois termos foram escolhidas como as piores palavras de 2020 na Alemanha: "Corona-Diktatur" (ditadura do coronavírus) e "Rückführungspatenschaften" (patrocínio de repatriação) foram as selecionadas nesta terça-feira (12/01) pelo júri da "Unwort des Jahres" ("despalavra do ano").

"Corona-Diktatur" é uma expressão que foi adotada para difamar as medidas restritivas impostas para conter o avanço da covid-19 no país. De acordo com o júri, coordenado pela Universidade Técnica de Darmstadt, o termo foi escolhido por minimizar as ditaduras atuais, onde pessoas são presas, torturadas e mortas por suas opiniões políticas.

Já a palavra "Rückführungspatenschaften" aparece no novo pacto migratório proposto pela Comissão Europeia e descreve um esquema no qual países que se recusarem a receber refugiados podem então organizar e patrocinar a deportação de requerentes de asilo que tiveram o pedido negado. O termo é "cínico e eufemístico", afirmou o júri, composto por linguistas de várias instituições.

Palavra depreciativa do ano

A "despalavra do ano" visa destacar o uso da linguagem pela mídia e promover a conscientização de palavras que violam a dignidade humana e os princípios da democracia ou levam à discriminação.

Escolhida no país desde 1991, a "despalavra" de ordem política foi selecionada pela Sociedade da Língua Alemã até 1994, quando um júri independente em Darmstadt assumiu o projeto anual. Qualquer pessoa pode propor uma palavra e cabe ao júri tomar a decisão final.

Segundo os cinco responsáveis pela seleção da "despalavra" entre sugestões enviadas ao colegiado pela população alemã, expressões linguísticas se tornam "despalavras" por serem pronunciadas de forma irrefletida ou com intenções dignas de crítica num contexto público.

Ao longo do ano passado, os jurados receberam 1.800 propostas do público, somando 625 expressões diferentes, incluindo "systemrelevant" (relevante para o sistema), usada para definir serviços essenciais durante a pandemia, e "covidiot" (idiota da covid), um neologismo que combina o nome da doença e a palavra idiota e descreve cidadãos que escolheram ignorar os alertas de saúde pública sobre o coronavírus.

Entre as palavras indicadas estava ainda "Querdenker" (pensador lateral), que adquiriu novo significado na Alemanha no ano passado e se tornou o nome de um movimento nacional de negacionistas da covid-19-

Em 2019, a "despalavra do ano" foi "Klimahysterie" (histeria climática), uma expressão usada para difamar os esforços de proteção do clima e para conter o aquecimento global. No ano anterior, a vencedora foi "Anti-Abschiebe-Industrie" (indústria antideportação), pronunciada pelo ex-ministro dos transportes, Alexander Dobrindt, do partido conservador União Social Cristã (CSU), numa entrevista durante a qual ele atacou grupos opostos à política alemã de reenviar à força aos seus países de origem os requerentes de refúgio cujo pedido de acolhimento foi negado.

Em 2017, a "despalavra do ano" foi "Alternative Fakten" ou "fatos alternativos", expressão inspirada em Donald Trump, enquanto em 2016 o termo "Volksverräter" ("traidor do povo") apareceu no topo, com o júri observando que essa expressão é um "legado de ditaduras", como a era nazista na Alemanha.

CN/dw/afd/dpa