Biodiversidade
3 de agosto de 2010Calcula-se que cerca de 10 milhões de espécies vivam nos oceanos, entre as quais algas, bactérias, peixes, corais e mamíferos. Nem todas já foram descobertas, de modo que esse número é a apenas uma estimativa dos cientistas, afirma o professor Pedro Martínez, diretor do Instituto de Pesquisa Seckenberg am Meer, em Wilhelmshaven, na Alemanha.
Sobretudo nas profundezas, milhares de metros abaixo do nível do mar, os pesquisadores ainda estão descobrindo o enorme alcance dessa diversidade. Há algumas décadas, essa região praticamente inexplorada do planeta ainda era considerada um "deserto subaquático".
Cada vez mais, os cientistas passam a defender a proteção das espécies existentes nos mares. Não se sabe o quanto de vida já se destruiu até agora, mas com certeza o excesso da atividade pesqueira alterou completamente o espectro das espécies.
Os peixes compõem o menor grupo entre os seres vivos que vivem nos oceanos, apenas cerca de 12%. Já os crustáceos representam 19% da população marinha, enquanto os invertebrados somam 17%.
Calcula-se que haja 40 mil espécies de peixes em todo o planeta, informa Rainer Froese, do Instituto Leibnitz de Ciências Marinhas de Geomar, em Kiel, no norte da Alemanha. Hoje se conhecem aproximadamente 30 mil, entre as quais 15 mil marinhas. A cada ano se descobrem 200 a 400 novas, sobretudo no fundo do mar e nos trópicos.
Contagem de vidas em alto mar
Há dez anos se realiza a maior contagem de espécies de seres vivos existentes no mar, o chamado Censo de Vida Marinha (COML, Census of Marine Life), que envolve pesquisadores de 70 países. Eles investigam todos os ecossistemas, do litoral até o fundo do mar. No final de 2010, declarado pelas Nações Unidas ano internacional da biodiversidade, os resultados dessas investigações devem ser divulgados.
Os cientistas penetram lentamente as grandes profundezas dos oceanos, descobrindo a cada dia novas espécies. Em decorrência da grande pressão submarina, as pesquisas requerem robôs e aparelhos de medição altamente especializados, a fim de explorar esse habitat, mortal para os seres humanos.
Quase 90% dos animais que os cientistas trazem à tona são de espécies novas, muitas das quais de aparência especialmente bizarra. Até agora, 500 novas espécies já foram descritas cientificamente, mas – segundo informa Martinez – já foram capturados exemplares pertencentes a milhares de outras. Entretanto os pesquisadores precisam de bastante tempo para analisá-las.
No fundo do mar, os cientistas já chegaram a se deparar com habitats bastante especiais, como fontes termais fumegantes, em cujas imediações bactérias altamente especializadas convivem com vermes de metros de comprimento.
No fundo do mar também se encontram montanhas marinhas com vários quilômetros de altitude, além de recifes de corais da água fria que se estendem por até 35 quilômetros. "Encontramos coisas de causar espanto", descreve a professora Antje Boetius, da Universidade de Bremen. Nas regiões polares, por exemplo, a diversidade de bactérias aumenta continuamente, ao contrário da tendência decrescente que se observa entre os animais.
Mediterrâneo em perigo
Quase nenhum outro mar está tão ameaçado pelo desaparecimento das espécies como o Mediterrâneo. O efeito das atividades humanas nessas águas é maior do que em qualquer outro mar, segundo informou um relatório da Public Library of Science, que envolveu a participação de 360 cientistas de todo o mundo e foi divulgado nesta segunda-feira (02/08).
Dada sua localização geográfica, o MarMediterrâneo é praticamente fechado. As espécies vegetais e animais estão ameaçadas sobretudo pelo desaparecimento dos habitats, pelo excesso de pesca e pela poluição.
No relatório intitulado "Quem vive no mar", os pesquisadores constataram que o Mediterrâneo é o mar onde vive o maior número de espécies. Mais de 600 delas, o que representaria apenas 4% da população mediterrânea, provieram de outros mares.
Algo que também ficou claro para os cientistas é que os mares do Japão e da Austrália contêm o maior número de espécies ainda não investigadas. De 70% a 80% das plantas e animais daqueles mares se mantiveram incógnitas até agora.
SL/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente