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CriminalidadeBrasil

DPU pede gabinete de crise na busca por repórter na Amazônia

10 de junho de 2022

Defensoria Pública da União diz que ainda não há uma plena coordenação nas buscas e que gabinete traria maior efetividade na procura pelo jornalista Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira.

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A imagem mostra dois barcos do exército brasileiro durante buscas em um rio do Vale do Javari, na região amazônica, para onde o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips se dirigiam no domingo. Ambos estão desaparecidos.
Segundo a Defensoria Pública e a Univaja, participação de indígenas poderia acelerar as buscas pelos desaparecidos na regiãoFoto: Brazilian Ministry Of Defense/Handout via REUTERS

A Defensoria Pública da União (DPU) pediu à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (10/06) a instalação de um gabinete de crise na cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas. A intenção da DPU é agilizar as buscas por Dom Phillips, jornalista britânico e colaborador do jornal The Guardian, e Bruno Pereira, indigenista e servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Até o momento, a PF trabalha em um comitê localizado na capital Manaus, distante mais de 1.100 quilômetros de Atalaia do Norte, destino final de Phillips e Pereira, que estão desaparecidos desde domingo na região.

Além disso, a DPU pediu à PF a participação de indígenas e o reforço nas buscas por ambos, com o argumento de que a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) indicou que a colaboração de indígenas pode acelerar o processo para encontrar Phillips e Pereira, já que conhecem a área de maneira efetiva.

O órgão também ressalta a necessidade de acompanhamento por um indígena indicado pela Univaja em cada uma das embarcações e aeronaves utilizadas nas buscas.

No documento, a DPU pede que as reuniões do gabinete de crise ocorram todos os dias com os órgãos de segurança pública que participam do trabalho, a exemplo da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, Exército, Marinha, Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Funai e Univaja.

O principal argumento da DPU é que ainda não há uma plena coordenação nas buscas, e que o gabinete de crise traria maior efetividade na procura por ambos.

Também foi solicitado, por parte da DPU, o cumprimento da decisão da juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Cível do Amazonas, que na última quarta-feira determinou o reforço nas buscas com o uso de helicópteros, embarcações e equipes de buscas.

Nesta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pediu que o governo brasileiro aumente os recursos e esforços nas operações.

Ravina Shamdasani, porta-voz do Acnudh, fez críticas à demora para iniciar as buscas. Em resposta ao presidente Jair Bolsonaro, que disse que a dupla desaparecida fazia uma "aventura", Shamdasani disse que o Estado tem obrigação de proteger jornalistas e profissionais que trabalham na defesa dos direitos humanos.

Perícia em barco de suspeito

Nesta quinta-feira, a PF disse que realizaria uma perícia no que acredita ser material genético encontrado na lancha de Amarildo Oliveira, pescador conhecido como "Pelado", suspeito de envolvimento no desaparecimento de Philips e Pereira.

Amarildo, de 41 anos, foi preso na última terça-feira por posse de "munição de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente", segundo informações da PM.

Testemunhas disseram aos policiais que o seu barco teria perseguido a embarcação que transportava Phillips e Pereira antes do desaparecimento de ambos.

Eles desapareceram quando percorriam, de barco, o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no vale do Javari, no estado do Amazonas, e foram vistos pela última vez na manhã de domingo, quando deixaram São Rafael.

De acordo com a Univaja, da qual Pereira faz parte, a dupla deveria ter chegado a Atalaia do Norte entre as 8h e as 9h de domingo. A Univaja enviou equipes de busca no mesmo dia, mas não obteve sucesso.

gb/bl (ots)