DW processa ministério turco após apreensão de material
26 de setembro de 2016A Deutsche Welle entrou com uma ação num tribunal de Ancara para pedir a devolução, por parte do Ministério da Juventude e Esporte turco, do material em vídeo apreendido após uma entrevista com o ministro Akif Çagatay Kiliç, no início deste mês.
"Essa atitude [do governo turco] nada tem a ver com Estado de Direito e democracia. Estamos utilizando agora o caminho legal para exigir a devolução imediata do nosso material de vídeo", afirmou o diretor-geral da DW, Peter Limbourg. O conselho de administração da DW apoiou a decisão.
"Nós defendemos a liberdade de imprensa sem restrições. A Turquia tem relação próxima com a Europa, o que também exige o respeito por princípios democráticos, como a liberdade de imprensa", disse o presidente do conselho, prelado Karl Jüsten. "É profundamente preocupante que a Deutsche Welle tenha sido forçada a entrar na Justiça para a devolução do vídeo."
A entrevista foi conduzida pelo apresentador Michel Friedman no dia 5 de setembro, para o talk show Conflict Zone. As gravações foram realizadas nas dependências do próprio Ministério da Juventude e do Esporte e incluíam perguntas que haviam sido enviadas previamente ao ministério.
Friedman perguntou sobre a tentativa de golpe de Estado em julho, assim como sobre as demissões em massa e as detenções que ocorrerem na sequência. Ele ainda questionou sobre a situação da imprensa na Turquia e sobre a posição da mulher na sociedade turca. Kiliç foi convidado para explicar as várias declarações feitas pelo presidente Recep Tayyip Erdogan em relação a esses temas.
Assim que o ministro saiu da sala, o assessor de imprensa de Kiliç anunciou que a DW não seria autorizada a transmitir a entrevista. Quando Friedman e colegas protestaram, o material foi confiscado por funcionários do ministério turco. Desde então, todas as tentativas da emissora de fazer com que as autoridades turcas devolvam o vídeo foram ignoradas.
Em comunicado à redação de língua turca da DW na ocasião, Übeydullah Yener, assessor de imprensa do ministro, afirmou: "Não há autorização para a entrevista. As perguntas feitas não foram as que foram entregues com antecedência. O senhor Friedman sabe exatamente por que tudo isso aconteceu. Algumas declarações estavam mais para acusações. Em tal situação, não há como conceder autorização."
O apresentador disse acreditar que o ministério agiu dessa forma pelo teor das perguntas. "Chegamos a um tema que não lhes agradou, que é o direito das mulheres", disse Friedman no início do mês.
EK/dw