Economia da zona do euro deve crescer pouco em 2015, preveem especialistas
13 de dezembro de 2014A principal preocupação da economia mundial será, novamente, a zona do euro, que deverá crescer pouco em 2015, segundo estimativas. "Para o próximo ano, nós esperamos um crescimento de 0,8% na economia da região", afirma Stefan Bielmeier, economista responsável pelo DZ Bank.
O Banco Central Europeu (BCE) conteve a crise do Euro. A economia dos países em crise se recupera, porém, agora são as grandes economias europeias que apresentam instabilidades.
"A situação na Itália é de fato dramática, onde a economia continua a encolher. Lá, as reformas estruturais são arrastadas há vários anos", diz Roland Döhrn, diretor do setor de conjuntura do instituto de pesquisa RWI.
Na França, ao contrário, os problemas foram resolvidos quando o Estado passou a gastar mais dinheiro. Agora, o país alcançou o seu limite, afirma Döhrn. A Alemanha também sofre por causa da debilidade econômica dos países do bloco europeu.
De acordo com uma previsão do Banco Central alemão, no próximo ano a economia do país deve crescer somente 1%. O motivo pelo qual não se pode confiar no motor econômico da zona do euro é, principalmente, a política. Em vez de reformas estruturais, o bloco continua pensando em divisão, critica Döhrn.
Ele cita, como exemplo, o pacote de medidas relativas à aposentadoria e a dificuldade de se aumentar a idade efetiva de aposentadoria para os 67 anos de idade. "Os custos devem ser pagos pelas empresas e contribuintes. Isso aumenta o peso para as companhias e diminui a demanda dos consumidores".
Em outras palavras: tais supostos benefícios não impulsionam o crescimento. Além disso, ainda há a transição da matriz energética, que encarece o preço da energia. "Certamente, a revolução energética é um objetivo louvável, mas caro, limitando, assim, a competitividade internacional", explica Bielmeier, do DZ Bank.
Perspectivas para América Latina não são boas
O que freia a Alemanha, acelera, porém, os EUA. O boom do fracking – método para a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo – pressionou os custos de energia e favoreceu a reindustrialização.
"Muitas empresas voltam da Ásia para reiniciar a produção nos EUA, onde, em termos de competitividade, produzir ficou mais barato", diz Bielmeier. O DZ Bank prevê para os Estados Unidos um crescimento médio de 3% nos próximos anos.
Para a segunda maior economia mundial, a China, o banco estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de um pouco mais de 7% – taxa que, para os chineses, acostumados com o crescimento econômico, é a menor desde 1990.
Enquanto a economia chinesa perde sua dinâmica, a indiana se prepara para grandes impulsos. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê para a Índia um crescimento de 6,6%. Döhrn, porém, é cético. "É preciso aguardar até que ponto vai a boa vontade do novo governo indiano. A Índia ainda pertence ao grupo de países que possui grandes problemas estruturais", reforça.
De acordo com o economista, isso também atinge dois países latino-americanos: Brasil e Argentina. O primeiro sofre com o estrangulamento de sua infraestrutura, já o segundo com o impasse de sua dívida pública, afirma Döhrn.
"A América Latina ainda tem o problema da sua economia, em muitos países, ser baseada fortemente em matérias-primas, ou seja, dependem muito dos preços das commodities", acrescenta o especialista.
Já que as perspectivas para alguns países não são muito boas. A América Latina continuará a ser, no próximo ano, o continente da decepção. Especula-se até que a Venezuela entrará em insolvência, caso o preço do barril de petróleo permaneça em torno de 70 dólares ou caia mais ainda.
A queda no preço do petróleo também aumentará o buraco nos orçamentos da Nigéria e da Rússia. A economia russa está sob pressão com as sanções do Ocidente e não deve se livrar de uma recessão em 2015, estima Bielmeier.
Enquanto uns países perdem, outros ganham. Para países importadores de petróleo, o preço baixo do óleo deverá conduzir a uma agenda de crescimento. "O declínio do preço do petróleo é, por assim dizer, uma distribuição global de rendimentos e significa, para países como a Alemanha, finalmente um ganho de rendimento real", afirma Döhrn.