Edição comentada de "Minha Luta" sairá em 2016
20 de fevereiro de 2015
O Instituto de História Contemporânea (IfZ, na sigla em alemão), baseado em Munique, anunciou nesta sexta-feira (20/02) a intenção de lançar a polêmica edição comentada do livro Minha Luta (Mein Kampf), de Adolf Hitler, em janeiro de 2016.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o estado da Baviera detém os direitos de publicação do livro e proíbe novas impressões na Alemanha.
Na Europa, os direitos autorais expiram 70 anos após a morte do autor, e, no caso de Hitler, isso acontecerá ao fim de 2015. O livro vai, então, se tornar de "domínio público", ou seja, em teoria, poderá voltar a ser publicado e distribuído por qualquer pessoa.
No ano passado, porém, em meio ao debate sobre a publicação do livro, o Ministério da Justiça determinou que a distribuição de qualquer versão não comentada de Minha Luta continuaria proibida na Alemanha, mesmo após expirarem os direitos autorais. A decisão foi tomada com base na lei alemã que proíbe qualquer tipo de incitação ao ódio racial.
A edição comentada deverá ter dois volumes e mais de duas mil páginas. Delas, 780 serão do livro original de Hitler, e as demais conterão introdução, índice e mais de cinco mil comentários de estudiosos, direcionados a estudantes, sobre a obra de propaganda escrita pelo ditador nazista.
"Queremos cercar Hitler", disse Andreas Wirsching, diretor do IfZ. "O que vamos publicar é, na verdade, um trabalho anti-Hitler." O instituto bávaro trabalha desde 2009 na edição e tem como intuito facilitar o entendimento do livro.
Na Alemanha, Minha Luta é constante tema de debate, porém, há pouco conhecimento fundamentado sobre ele. Apesar de ser o único documento de teor autobiográfico do líder nazista, faltam análises aprofundadas das origens, da estrutura e, sobretudo, das repercussões do panfleto de incitação popular em sua época.
O governo federal mantém uma postura neutra em relação à ideia. A versão comentada do livro não tem a intenção de apenas olhar para o passado, mas, como diz o projeto, fazer "uma profunda análise histórica da ditadura nazista".
RPR/ap/afp/rtr