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Egito e Grécia divergem sobre destroços da EgyptAir

19 de maio de 2016

Autoridades gregas contradizem comunicado de companhia aérea e afirmam que peças localizadas no mar Mediterrâneo não pertencem ao Airbus 320 que caiu com 66 pessoas a bordo. Hipótese de terrorismo não está descartada.

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EgyptAir
Foto: imago/Ralph Peters

Autoridades do Egito e da Grécia divergem sobre a localização dos destroços do Airbus A320 da EgyptAir, que caiu no mar Mediterrâneo nesta quinta-feira (19/05).

Em comunicado, a companhia aérea diz que o Ministério de Relações Exteriores do Egito confirmou que destroços foram encontrados próximo à ilha grega de Karpathos e transmitiu "profunda tristeza às famílias e amigos dos passageiros".

"Enquanto isso, a equipe de investigações egípcia em cooperação com seus parceiros gregos ainda estão à procura de outros restos da aeronave desaparecida", diz a EgyptAir.

Já o investigador-chefe de acidentes aéreos da Grécia, Athanasios Binis, disse que as peças encontradas no Mediterrâneo não são do avião da EgyptAir. "Uma avaliação do material encontrado mostra que ele não pertence à aeronave", afirmou em entrevista à televisão estatal grega.

O voo MS804, com 66 pessoas a bordo, fazia o trajeto entre Paris e Cairo e desapareceu dos radares pouco antes de se aproximar da costa egípcia, caindo no mar Mediterrâneo.

O ministro da Aviação egípcio, Sherif Fathy, afirmou que a possibilidade de o avião ter caído devido a um ato terrorista é maior do que a de falha técnica. O presidente francês, François Hollande, disse que nenhuma hipótese está descartada.

"Precisamos assegurar que sabemos tudo em relação às causas do que aconteceu", afirmou. "Se foi um acidente ou outra hipótese que todos têm na cabeça, uma hipótese terrorista... Neste momento, precisamos focar na solidariedade com as famílias e na busca pelas causas da catástrofe."

O que se sabe até agora?

As equipes militares de resgate francesas receberam um sinal de emergência dos sistemas de segurança automáticos do avião às 4h26 (hora local), cerca de duas horas depois de a aeronave perder contato com os radares, informou a EgyptAir.

O avião desapareceu cerca de 20 minutos antes do horário previsto para a aterrissagem no Cairo, quando já se encontrava no espaço aéreo egípcio. Segundo a EgyptAir, o avião foi fabricado em 2003, e o piloto tinha 6.275 horas de voo. O céu estava limpo no momento do desaparecimento.

As Forças Armadas do Egito enviaram aviões e unidades marítimas para a área, a cerca de 280 quilômetros da costa do país. A França anunciou o envio de barcos e aeronaves para a região.

Chama no céu e trajetória incomum

Inicialmente, uma fonte do Ministério da Defesa da Grécia disse que as autoridades estão investigando um relato de um capitão de um avião mercante que disse ter visto uma "chama no céu" a cerca de 130 milhas náuticas ao sul da ilha de Karpathos.

Pela tarde, o ministro da Defesa grego, Panos Kammenos, afirmou em entrevista coletiva que o avião fez uma trajetória incomum pouco depois de entrar no espaço aéreo egípcio. Às 2h37 da manhã, o Airbus A320 fez um giro de 90 graus para a esquerda e, a seguir, um de 360 graus para a direita, caindo de 37 mil pés para 9 mil pés de altura e desaparecendo dos radares, disse Kammenos.

O voo MS804 havia partido às 23h09 desta quarta-feira do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Nele viajavam três funcionários de segurança, sete tripulantes e 56 passageiros – incluindo 30 egípcios e 15 franceses. Os demais eram cidadãos de Portugal, Iraque, Argélia, Bélgica, Reino Unido, Canadá, Chade, Kuwait, Arábia Saudita e Sudão. Segundo informações da companhia aérea, pelo menos três crianças estavam a bordo.

Histórico de ocorrências

Em outubro do ano passado, um Airbus da companhia MetroJet (Kogalymavia) caiu sobre a península egípcia do Sinai, com 224 pessoas a bordo. Uma explosão registrada em seu interior foi reivindicada pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). O incidente levou vários países a impor restrições de voo com o país norte-africano, como a Rússia, que proibiu a EgyptAir de voar sobre seu território.

Em março deste ano, um voo da companhia aérea egípcia foi sequestrado pouco depois de partir de Alexandria com destino ao Cairo. Um dos passageiros obrigou o comandante a aterrissar em Larnaca, afirmando ter um cinto de explosivos ao redor do corpo. Mais tarde, foi revelado que este era falso.

KG/LPF/efe/rtr/afp