Eleições
9 de maio de 2010As urnas no estado da Renânia do Norte-Vestfália abriram na manhã deste domingo (9/5) para eleições regionais consideradas como um referendo para a atual coalizão que sustenta o governo da chanceler Angela Merkel.
O pleito regional pode mudar o equilíbrio de forças em nível federal. Uma derrota de democrata-cristãos e liberais no estado pode significar a perda da maioria governamental no Bundesrat, a câmara alta do legislativo federal.
O estado, com cerca de 18 milhões de habitantes, é o mais populoso do país, e as mudanças de opinião dos seus 13,5 milhões de eleitores normalmente também produzem efeitos semelhantes em nível nacional.
O site do jornal alemão semanal Die Zeit chama a corrida eleitoral no estado de "mini-eleição nacional". O cientista político Gerd Langguth, da Universidade de Bonn, diz que esse é o motivo que leva o país inteiro a acompanhar atentamente esta votação.
"A eleição na Renânia do Norte-Vestfália é muito importante. Primeiramente, porque é a primeira desde a eleição nacional do ano passado, sendo considerada um teste de aprovação para as políticas federais. E, além do mais, é a única do ano", disse Langguth à Deutsche Welle.
Efeito cascata
Os principais candidatos são o atual governador do estado, Jürgen Rüttgers, da União Democrata Cristã (CDU), que tenta a reeleição, e Hannelore Kraft, da oposição social-democrata (SPD).
Nos últimos cinco anos, Rüttgers tem liderado uma coalizão de governo unindo a CDU e os liberais do FDP, aliança que espelha a coalizão federal comandada por Angela Merkel. Mas a parceria tem perdido apoio desde que ganhou o poder, o que deixa dúvidas sobre os resultados dessas eleições.
Na Alemanha, os governos estaduais têm direito a voto direto para aprovar decisões tomadas pelo governo federal, através de votações no Bundesrat, onde a Renânia do Norte-Vestfália possui o maior número de votos. Ter maioria no Bundesrat é essencial para que o governo federal consiga aprovar as leis mais facilmente.
Teste político
Se a oposição social-democrata vencer, fazendo o governo de Merkel perder a maioria no Bundesrat, a CDU encontrará mais resistência para aprovar leis.
Parceiros internacionais da Alemanha já acusaram a chanceler alemã de vacilar em tomar uma atitude para ajudar a Grécia, devido às eleições na Renânia do Norte-Vestfália, o que teria causado um aumento de custos para a União Europeia.
Merkel temia irritar os partidários da CDU com a ajuda alemã ao pacote, um assunto impopular entre os eleitores. A situação levou o governador Rüttgers a comentar esta semana que "a Grécia é o assunto número um da campanha."
Metas do governo federal estão em risco
Entre as políticas governamentais federais sob risco de serem bloqueadas, caso os social-democratas ganhem na Renânia do Norte-Vestfália, estão as que envolvem energia nuclear e medidas para redução de impostos.
A grande coalizão anterior de governo, unindo social-democratas e democrata-cristãos, havia planejado desativar todas as usinas nucleares do país. Mas quando a CDU trocou a parceria, em favor dos liberais do FDP, o plano foi por água abaixo.
Se os social-democratas ganharem na Renânia do Norte-Vestfália, o governo de Merkel poderá encontrar sérias dificuldades para aprovar a ampliação da vida útil das usinas nucleares na Alemanha. E o projeto de corte dos impostos, promessa importante na campanha eleitoral de Merkel no último ano, pode também estar em risco, se a CDU perder a maioria na câmara alta.
Outras questões que afetam a Alemanha no momento e sobre as quais CDU e SPD têm divergências, como a guerra no Afeganistão e a crise na Grécia, podem também voltar à tona, caso CDU e FDP percam votos.
Gerd Langguth disse à Deutsche Welle que uma derrota da CDU nas eleições estaduais poderá também provocar uma reavaliação dentro do próprio partido e do seu perfil político."O debate será sobre qual o perfil político da CDU em várias questões, como Afeganistão, meio ambiente e sistema social", avalia Langguth. Segundo a visão do especialista, caso Rüttgers perca a eleição, o debate dentro do partido de Merkel será grande.
Já para Nils Diederich, da Universidade Livre de Berlim, a chanceler federal está a salvo. "Merkel é ainda muito forte para jogar a toalha", diz.
Autor: Darren Mara (np)
Revisão: Marcio Damasceno