Eleições regionais
25 de janeiro de 2008Os dois maiores partidos alemães – a União Democrata Cristã (CDU) de Angela Merkel, e o Partido Social Democrata (SPD) – aguardam com grande expectativa os resultados das eleições estaduais do próximo domingo (27/01) em Hessen e na Baixa Saxônia.
Por mais que seja tida como praticamente certa a confirmação do governo do democrata-cristão Christian Wullf na Baixa Saxônia, em Hessen o atual governador Roland Koch (CDU) e a social-democrata Andrea Ypsilanti travam uma verdadeira batalha eleitoral, que poderá abalar inclusive a coalizão dos dois partidos no governo federal.
Prova de fogo para o SPD
De acordo com uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (25/01) pelo Instituto Forsa, cerca de 43% dos eleitores ainda estão incertos em Hessen. A CDU lidera as intenções de voto com 38 a 39%, seguida imediatamente pelo SPD, com 37 a 38%. O Partido Liberal deverá obter entre 9 e 10% dos votos e o Partido Verde, entre 6 e 7%. A conquista de mandatos pelo partido A Esquerda, que registrou entre 4 e 5% das intenções de voto, ainda é incerta. Para tanto, são necessários mais de 5% dos votos, limite mínimo para se fazer representar no parlamento.
Para o SPD, trata-se das primeiras eleições após a recente mudança de curso sob o atual presidente Kurt Beck, sinalizada pela aprovação de um novo programa partidário de diretriz esquerdista. A vitória nas urnas ou ao menos um bom resultado poderia servir de confirmação e aumentar as chances da oficialização da candidatura de Beck à chancelaria federal nas próximas eleições legislativas em 2009.
CDU: Falsa estratégia?
Para Merkel, também preocupada em assegurar sua base política para as próximas eleições federais, a derrota da CDU em Hessen poderia abalar sua influência política enquanto presidente do partido. Por isso, a premiê deixou de lado a postura de mera mediadora, adotada no governo de coalizão, e confirmou o apoio do partido às polêmicas reivindicações de Koch quanto à segurança e à criminalidade juvenil – a despeito de o governo federal as haver recusado anteriormente.
Durante muito tempo, Roland Koch era visto como claro favorito à reeleição, enquanto à social-democrata Ypsilanti eram atribuídas poucas chances de sucesso. No entanto, a popularidade do democrata-cristão foi abalada após recentes declarações em tom populista sobre a criminalidade entre jovens estrangeiros e a reivindicação de um procedimento mais rígido contra criminosos de 18 a 21 anos, identificadas pela oposição como manobra eleitoral.
Reflexos nacionais
Especialistas alertam que as diversas constelações políticas possíveis no futuro governo estadual de Hessen poderão servir de modelo para futuras coalizões a nível federal em Berlim.
É tido como improvável que a CDU obtenha novamente a maioria absoluta, como ocorreu na última eleição cinco anos atrás. Além disso, tanto a aliança entre democrata-cristãos e liberais quanto a coalizão entre verdes e social-democratas correm o risco de serem impossilitadas pela entrada do partido A Esquerda na Assembléia Legislativa (Landtag) – fato até então inédito num estado da ex-Alemanha Ocidental.
Assim, seria preciso partir para coalizões mais amplas. O SPD, por exemplo, se mostrou apto a formar uma coalizão com o Partido Verde e o FDP – opção que foi descartada pelos liberais. Ao mesmo tempo, a CDU teme a formação de uma aliança entre SPD, verdes e A Esquerda, embora o próprio SPD tenha negado interesse na aliança, temendo dar margem a especulações no âmbito federal. A Esquerda, afinal, é formada em parte por ex-social-democratas descontentes com o rumo da política do partido durante o governo Schröder.
Uma grande coalizão entre CDU e SPD seria uma solução possível também em Hessen, indiferente de qual partido venha a preencher o posto de governador. No entanto, a opção vem sendo negada com veemência por ambos nos últimos dias de campanha eleitoral. (rr)