Em Bruxelas, Trump critica e ameaça Alemanha
26 de maio de 2017Durante encontro com líderes europeus em Bruxelas nesta quinta-feira (25/05), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria feito duras críticas à política de comércio exterior da Alemanha, que qualificou como injusta.
"Os alemães são maus, muito maus", teria dito o presidente, segundo reportagem da revista alemã Der Spiegel. "Vejam os milhões de carros que eles vendem nos Estados Unidos. Terrível! Nós vamos parar com isso", afirmou Trump, segundo fontes citadas pelo site do semanário.
O jornal alemão Süddeutsche Zeitung também relatou reclamações semelhantes feitas por Trump em relação ao superávit alemão. Durante uma reunião com os presidentes do Conselho Europeu, Donald Tusk, e da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o americano teria dito que a redução do déficit da balança comercial americana era uma de suas maiores prioridades. Juncker teria saído em defesa da Alemanha, afirmado que o livre comércio traz benefícios para todas as partes.
Mais tarde, Juncker desmentiu que Trump tivesse feito comentários agressivos contra a Alemanha. "Ele não disse que os alemães se comportam mal", afirmou, considerando exagerados os relatos da imprensa.
Tusk disse que os dois lados concordaram em uma série de temas e reafirmaram a cooperação na luta contra o terrorismo, apesar de alguns desentendimentos em outras questões.
Em 2016, a Alemanha exportou bens no valor de 253 bilhões de euros a mais do que importou, gerando críticas não apenas do governo Trump, mas também da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e do presidente francês, Emmanuel Macron.
Dados do governo americano apontam que a Alemanha teve superávit de 64 bilhões de dólares nos negócios com os EUA em 2016. O assessor da Casa Branca Peter Navarro acusou Berlim de explorar a desvalorização do euro para impulsionar as exportações.
Aumento de tarifas
Trump já havia criticado anteriormente as empresas automobilísticas alemãs, ameaçando um aumento nas tarifas de importação. "Se quiserem fabricar carros em todo o mundo, desejo-lhes o melhor. Podem construir carros para os EUA, mas para cada carro que entrar no país, vocês pagarão uma taxa de 35%", afirmou Trump em janeiro ao tabloide alemão Bild.
"Eu diria à BMW que, se vocês construírem uma fábrica no México e planejarem vender carros nos EUA sem uma taxa de 35%, podem esquecer isso", afirmou o presidente.
Em março, Trump assinou decretos para dar início a uma revisão em larga escala das causas do déficit americano junto a alguns de seus principais parceiros comerciais – incluindo a Alemanha e a China – e ordenando o reforço das leis americanas antidumping para evitar que os fabricantes estrangeiros causem danos às empresas do país ao comercializar seus produtos a preços que, para ele, seriam injustos.
No mês passado, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, rejeitou as alegações americanas de que o superávit comercial do país resultaria de políticas injustas e pediu que o governo americano continuasse envolvido na liberalização do comércio.
Em Bruxelas, Trump se reuniu com líderes da Otan e renovou o pedido para que os membros da aliança militar aumentem as contribuições financeiras, para que seja possível recuperar os "anos perdidos".
O republicano afirmou que 23 dos 28 membros devem "enormes somas de dinheiro" à Otan, o que, segundo afirmou, "não é justo com o povo e os contribuintes dos Estados Unidos".
Nesta sexta-feira, os líderes do G7 – as sete principais economias do mundo – se reúnem na Sicília, na Itália, naquela que, segundo Donald Tusk, deverá ser a reunião "mais desafiadora dos últimos anos". As posições do governo Trump em relação a temas como o comércio exterior, meio ambiente e imigração estão em forte contraste com as opiniões de diversos líderes europeus.
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