Separatistas libertam observadores da OSCE
3 de maio de 2014A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) confirmou neste sábado (03/05) a libertação dos inspetores militares que há oito dias estavam detidos por grupos separatistas no leste da Ucrânia.
A situação no país, no entanto, continua tensa. O Ministério ucraniano do Interior contabilizou pelo menos 42 mortos em confrontos violentos entre militantes pró e contra Kiev no sul do país, na sexta-feira.
A libertação dos inspetores militares, detidos desde o dia 25 de abril, foi anunciada pelo enviado de Moscou para a Ucrânia, Vladimir Lukin. Eles estavam retidos por grupos pró-russos em Slaviansk, no leste ucraniano. Ele confirmou tratar-se de 12 funcionários – sete observadores europeus e cinco assistentes ucranianos.
Crítica russa
Lukin disse estar esperançoso de que a libertação seja o primeiro passo para a pacificação da região. "Gostaríamos que este fosse seguido por outros atos humanitários, em particular, o fim dos confrontos, e que as partes se sentem à mesa de negociações."
Os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia acusaram os funcionários da OSCE – quatro alemães, um polonês, um dinamarquês e um tcheco – de serem espiões da Otan, o que foi contestado pela organização para que trabalham. Esta assegura que os observadores foram enviados à Ucrânia a convite de Kiev.
Há uma semana, os separatistas haviam libertado um dos inspetores, o sueco Thomas Johansson, por motivos de saúde e por o seu país não ser membro da Otan.
Na ocasião, o presidente russo, Vladmir Putin, criticou os inspetores militares por não terem coordenado sua chegada à região com os militantes pró-russos, que controlam vários edifícios governamentais no leste.
A União Europeia e os Estados Unidos apelaram à Rússia para exercer a sua influência sobre as milícias, a fim de que libertassem os sequestrados. O Kremlin respondeu afirmando que estava fazendo o que podia, mas que sua força sobre os rebeldes é menor do que se acredita.
Eleições são "absurdo", diz Kremlin
Na sexta-feira, o embate no porto de Odessa, no Mar Morto, terminou com o incêndio do prédio de um sindicato, provocado por bombas atiradas pelas janelas. Não se sabe ao certo qual grupo foi responsável por iniciar o incêndio. Segundo autoridades, 36 pessoas foram mortas no local, outras três, durante um tiroteio.
O confronto começou depois que um grupo de torcedores de futebol pró-Kiev foi às ruas de Odessa pedir pela unidade do país. Em seguida, foram atacados pelos separatistas. O incidente é considerado o choque mais violento entre os dois grupos desde fevereiro, quando o então presidente, o pró-russo Vikior Yanukovytch, foi derrubado. Ele mostra que os ânimos estão cada vez mais acirrados na Ucrânia, e que o clima de guerra não se concentra apenas na região leste, perto da fronteira com a Rússia.
O serviço de inteligência da Ucrânia acusou Yanukovytch de ter orquestrado os embates violentos em Odessa, empregando agentes do antigo governo. Já a ex-primeira-ministra ucraniana e candidata à presidência Yulia Timoshenko culpou Moscou pelos atos. "A Rússia está usando de todos os meios para desestabilizar a Ucrânia e evitar que haja eleições presidenciais no dia 25 de maio", declarou.
O porta-voz do Kremlin comentou neste sábado ser "um absurdo" realizar as eleições presidenciais dentro de pouco mais de 20 dias, em meio à violência que grassa na Ucrânia. "Não entendemos de quais eleições em Kiev os europeus e Washington estão falando." "Em Odessa, gente desarmada foi queimada viva", disse Dimitri Peskov. Segundo ele, esse tipo de violência prova que não está nas mãos da Rússia fazer baixar a tensão no país vizinho.
MSB/rtr/dpa/afp/lusa