Lama e pneus contra vazamento
29 de maio de 2010Presidente Obama com especialistas nas praias poluídas pelo óleo; presidente Obama na Grand Island, Louisiana, ilha especialmente afetada pela onda negra. Todas as redes de notícias norte-americanas mostram essas imagens, sublinham o empenho de seu chefe de Estado em debelar a catástrofe ambiental provocada pela explosão da plataforma petrolífera no Golfo do México, há mais de cinco semanas. Nos últimos dias, mais da metade da população avaliou de forma negativa o empenho presidencial.
Com sua segunda visita à região de crise, Barack Obama procura relativizar a crítica de que ele teria demorado demais a se ocupar do assunto. Na Grand Island, assegurou que os esforços em prol da população do Golfo continuarão, mesmo "quando as câmeras não mais estiverem aqui". E prometeu ajuda concreta aos necessitados que eventualmente fracassem diante dos obstáculos burocráticos.
Pneus contra vazamento
Enquanto isso, a companhia BP continua tentando conter o fluxo de óleo cru a 1.500 metros de profundidade. Na segunda fase da operação Top Kill, iniciada na manhã deste sábado (29/05), os técnicos usam uma mistura de restos de pneus, cordas e outros dejetos semelhantes para obturar o orifício. Com sucesso pelo menos parcial, anunciou o presidente da BP, Tony Hayward.
"As medições de pressão na válvula gigante no fundo do mar, o blowout preventer, indicaram que parte [dos dejetos] ficou retida no orifício de extração. Esta é uma boa notícia."
Numa fase seguinte, será bombeada mais lama de prospecção para dentro do orifício submarino. Hayward parte do princípio de que o que escapa no momento seja sobretudo essa lama, e não óleo. Na sexta-feira, ele assinalara só poder calcular as perspectivas de sucesso em 60% a 70%: até uma avaliação definitiva, seria preciso esperar cerca de 48 horas. Contudo, neste sábado, Tom Mueller, porta-voz da companhia petroleira britânica, declarou ser ainda totalmente impossível estimar a duração total da Top Kill.
Batendo recordes
O alastramento do petróleo já quebra todos os recordes. De acordo com a edição de sábado do jornal Washington Post, cientistas apontaram o aparecimento de uma enorme coluna de óleo cru 120 quilômetros a noroeste do local onde afundou a plataforma de prospecção Deepwater Horizon. Trata-se já da terceira ocorrência do gênero, porém a primeira registrada a tão grande distância do local do desastre.
Segundo estimativas de Washington, mais de 3 milhões de litros de óleo cru fluem diariamente para o Golfo do México. Diante desses números, até o próprio presidente da BP finalmente admite estar ocorrendo uma catástrofe ambiental. Dez dias atrás, ele falava apenas de danos moderados para o meio ambiente.
A onda de óleo já alcançou as costas dos estados de Louisiana e Alabama, numa extensão de 250 quilômetros, atingindo também praias e pântanos, cuja importância ambiental é grande. Já foram erguidos mil quilômetros de barreiras flutuantes antipetróleo, e Obama autorizou a instalação de mais artefatos do gênero.
Há 20 mil pessoas envolvidas no combate à catástrofe, e sua atividade continuará, mesmo depois de o vazamento ter sido eventualmente contido, declarou o presidente. A União Europeia, a Espanha e a Holanda ofereceram aos EUA equipamento para os trabalhos de limpeza. A Comissão declarou haver recebido da guarda costeira estadunidense um pedido para que a ajude na coleta do petróleo.
Autor: Rüdiger Paulert (AV)
Revisão: Alexandre Schossler