Presidenciáveis pedem fim de violência e ódio na política
10 de setembro de 2018O terceiro debate dos candidatos a presidente da República, transmitido na noite deste domingo (09/09) pela TV Gazeta, foi marcado pela ausência de diversos concorrentes e pedidos pelo fim do ódio e da violência na política no Brasil.
Seis presidenciáveis compareceram ao debate: Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).
Um púlpito foi reservado ao candidato do PSL, o deputado Jair Bolsonaro, que está hospitalizado em São Paulo, onde se recupera de uma facada. Os demais candidatos pediram que a bancada fosse retirada em solidariedade a Bolsonaro.
O deputado lidera a disputa no primeiro turno da eleição, com 22% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira passada. Estão tecnicamente empatados em segundo lugar Marina Silva (12%), Ciro Gomes (12%) e Geraldo Alckmin (9%).
Também não houve a presença de um representante do PT, que ainda não anunciou um substituto depois da rejeição da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O deputado federal Cabo Daciolo (Patriotas) foi outro que não compareceu. O candidato evangélico havia anunciado na semana passada que suspenderia os atos de campanha, pois pretendia realizar jejum por 21 dias.
Em tom mais morno do que nos dois debates anteriores, os candidatos presentes enfatizaram a necessidade de pacificar o Brasil e defenderam a não violência, ao mesmo tempo em que atacaram os rivais.
Meirelles manteve a mira das críticas em Alckmin, tendo questionado o tucano por atacar Bolsonaro enquanto este ainda estava na sala de cirurgia. Em contrapartida, Alckmin disse que não mudará o discurso de sua campanha.
"Certamente o candidato Henrique Meirelles não viu os meus spots [propagandas]. Em nenhum momento pregamos qualquer tipo de violência", retrucou Alckmin.
O tucano foi criticado pela segurança pública em São Paulo e rebateu com estatísticas de queda de homicídios no estado.
Enquanto isso, Meirelles, dono de uma fortuna de 378 milhões de reais, foi atacado por Boulos, que parodiou o slogan "Chama o Meirelles", do rival: "Não vou chamar o Meirelles, vou taxar o Meirelles."
Diversos candidatos, incluindo Boulos e Alvaro Dias, criticaram a concentração do sistema financeiro, controlado por poucos bancos, durante o debate.
Ao ser questionado se a esquerda teria responsabilidade sobre a polarização do país, o candidato do Psol disse que as diferenças de opinião são necessárias na política: "Quando ela transborda para o ódio, quando a intolerância substitui o argumento, isso é inadmissível", disse Boulos. "Aliás, nós fomos as maiores vítimas disso. Essa semana faz seis meses do assassinato covarde da Marielle Franco."
O assassinato da vereadora em março, no Rio de Janeiro, também foi lembrado por Marina Silva, que mencionou ainda dois ataques contra petistas no Paraná. "Quando se cultiva o ódio, ele acaba se concretizando na prática", disse.
A candidata avalia que o país passa por um momento difícil, com um candidato preso e o outro no hospital. "Nós não vamos chegar a lugar nenhum com o país dividido", afirmou.
Marina retrucou críticas de Alckmin, que buscou associá-la ao PT, partido que a candidata deixou em 2008 depois de ter sido ministra de Lula. A candidata da Rede disse que, em sua visão, PT e PSDB passaram a ser duas faces da mesma moeda.
Alvaro Dias pregou o combate à corrupção e criticou o desrespeito de partidos políticos à Lei da Ficha Limpa, sem mencionar explicitamente Lula e o PT, ao mesmo tempo em que criticou lideranças que "insuflam ódio e a raiva".
Ciro Gomes, que liderou as menções ao debate no Twitter, concordou que a confrontação violenta tem que ser substituída pela discussão de ideias. O candidato prometeu priorizar o combate a facções criminosas e colocar em prática um sistema único de segurança pública.
O debate foi promovido pela TV Gazeta, pelo jornal O Estado de S. Paulo, pela rádio Jovem Pan e pelo Twitter.
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