Empresa alemã fornece grama para estádios da Copa
21 de abril de 2006
O empresário Thomas Büchner não lembra em nada um jardineiro. Ele não veste macacão e nem tem as mãos sujas de terra. Seu local de trabalho se parece mais com a sala de troféus de um clube: taças e fotos de equipes e de jogadores decoram suas vitrines.
Quando fala sobre o Mundial de Futebol na Alemanha, Büchner deixa claro que está vivendo a febre da Copa. Ele mal pode esperar pelo dia em que Michael Ballack comandará a seleção alemã no jogo de abertura, em Munique (09/06). Só que Büchner não acompanhará apenas as jogadas. Ele também terá um olho para o gramado do estádio.
Isso porque a empresa comandada por ele é responsável pelo fornecimento de grama em cinco estádios da Copa: Nurembergue, Frankfurt, Kaiserslautern, Stuttgart e Munique. O empresário é uma espécie de guru desse mercado e foi aperfeiçoando o seu ouro verde ao longo de anos – tanto em campos de futebol como em laboratórios. Agora, ele está pronto para ser usado nos gramados da Copa.
Teste de resistência
Antes de chegar aos estádios, a grama cultivada por Büchner, da espécie Poa pratensis, passa por um teste de resistência. Com a ajuda de uma espécie de trator, Büchner e seus 21 empregados cortam a grama pela raiz – um detalhe importante, já que o vegetal só vinga no estádio se as raízes tiverem de crescer de novo. Ao final da "colheita", o que se vê na área cultivada são os rolos de grama.
Depois de transplantada para o estádio, a grama é maltratada. Büchner passeia pelo gramado conduzindo um cilíndro coberto de dentes que imita as travas das chuteiras dos jogadores de futebol. O objetivo é fazer com que ela se acostume à movimentação de um jogo de futebol e fortaleça a sua capacidade de regeneração. "É necessário causar um pouco de 'estresse' à grama", afirma o empresário.
Negócios
Cada talo de grama produzido pela empresa de Büchner vale dinheiro. Só o contrato com a Fifa assegurou ao empresário um valor bruto de quase 700 mil euros, uma soma ainda bem abaixo do faturamento anual de 2 milhões de euros. A maior parte dos negócios é feita com as lojas de jardinagem.
Se somados os pedidos da Alemanha e do exterior, o futebol responde por cerca de 30% do volume anual movimentado pela empresa. Mas a tendência é de alta, pois a procura cresceu muito nos últimos tempos e os clubes de futebol preferem terceirizar os cuidados com o gramado.
Büchner está satisfeito com o seu negócio e nem mesmo se incomoda de ver seus gramados serem maltratados por jogadores nem sempre habilidosos. Ele só reclama de uma coisa: "O que mais dói em mim não é a grama ser pisoteada, mas quando um jogador passa correndo e simplesmente cospe no gramado. Isso eu acho muito mais triste".