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Empresa alemã testará vacina contra coronavírus em pessoas

17 de junho de 2020

Primeira fase de testes começa já em junho na Alemanha e, se tudo correr bem, vacina de mRNA pode estar disponível no início de 2021. Terceira etapa poderá ser realizada no Brasil.

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Logotipo da CureVac
A CureVac trabalha desde janeiro de 2020 numa vacina contra o novo coronavírusFoto: picture-alliance/Geisler-Fotopress/S. Kanz

As autoridades alemãs deram nesta quarta-feira (17/06) seu aval para que a empresa CureVac inicie testes em seres humanos de sua potencial vacina contra o novo coronavírus.

A autoridade federal responsável por regular vacinas e medicamentos, o Instituto Paul Ehrlich, autorizou testes com o medicamento em voluntários saudáveis. Isso significa que, na avaliação das autoridades alemãs, os testes realizados em animais foram tão bem-sucedidos que a fase um de testes clínicos se justifica. Segundo o Instituto Paul Ehrlich, esta é a 11ª autorização do gênero no mundo.

Os primeiros testes em seres humanos deverão começar ainda neste mês de junho, e os primeiros resultados deverão estar prontos no segundo semestre de 2020. Se tudo correr bem, a vacina poderá estar pronta no início de 2021.

No fim de abril, outra empresa alemã, a Biontech, havia recebido a mesma autorização para testes de uma possível vacina contra o Sars-Cov-2 em seres humanos.

A Curevac, assim como a Biontech, trabalha numa vacina de RNA mensageiro (mRNA). Outra empresa que investe nesse tratamento é a Moderna, dos EUA.

A CureVac argumenta que sua vantagem em relação às concorrentes é que sua vacina utiliza uma dosagem muito menor de mRNA, de apenas 2 microgramas. Isso permitiria à empresa entregar 200 milhões de vacinas por ano com a sua atual capacidade de produção.

O RNA mensageiro é uma espécie de molécula que carrega as instruções para a produção de uma proteína. No caso da vacina da CureVac, o mRNA é sintetizado em laboratório e contém as instruções para a produção de uma proteína do novo coronavírus.

Com as instruções, as células comuns do paciente começam a fabricar a proteína do coronavírus, e o sistema imunológico do corpo reage com a produção de anticorpos contra a covid-19.

A empresa, que tem sede em Tübingen, no sul da Alemanha, se apresenta como uma pioneira em tratamentos de mRNA e trabalha desde janeiro de 2020 na produção de uma vacina contra o novo coronavírus.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Economia comunicou que vai adquirir 23% da empresa, ao custo de 300 milhões de euros. A intenção do governo alemão é impedir que a empresa seja incorporada por estrangeiros.

Em março, a CureVac gerou manchetes na Alemanha por causa de uma suposta tentativa do presidente Donald Trump de assegurar para os EUA direitos exclusivos sobre uma possível vacina. Mais tarde, a empresa alemã refutou essa notícia e comunicou que nunca houve tal tentativa.

A CureVac não é listada em bolsas de valores e pertence majoritariamente ao fundo de investimentos do milionário alemão Dietmar Hopp, fundador da empresa de software SAP. A Fundação Bill e Melinda Gates também tem uma pequena participação na empresa.

A fase um de testes da vacina que agora se inicia custará 15 milhões de euros e é completamente financiada pela fundação Cepi, uma aliança criada em 2016 pela Fundação Bill e Melinda Gates, a fundação britânica de caridade Welcome Trust e vários países, entre eles a Alemanha, a Noruega e o Japão.

Se as fases um e dois dos testes, nas quais basta um número reduzido de voluntários, forem bem-sucedidas, a CureVac passará para a fase três, com milhares de voluntários. Essa fase é atualmente muito difícil de ser executada na Alemanha por causa do baixo número de novas infecções. Por isso, a CureVac comunicou já estar em contato com centros de pesquisa na África e no Brasil.

AS/dpa/ard

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