Indústria cinematográfica
21 de fevereiro de 2009Steven Spielberg e Martin Scorsese não seriam o que são sem ela e Angelina Jolie, tampouco. Quem trabalha na indústria cinematográfica não deixa passar em branco a empresa alemã Arri, fabricante de refletores, holofotes e todo tipo de produtos para iluminação e, principalmente, de câmeras profissionais. Sem elas, megaproduções como Guerra nas Estrelas e Harry Potter seriam inviáveis.
A Arri fornece câmeras para pelo menos 80% dos profissionais do cinema mundial, seja na fábrica de sonhos de Hollywood, seja nos estúdios de Bollywood em Mumbai. O fotógrafo indiano Vinod Pradhan, por exemplo, trabalha com uma.
Ele aponta que o equipamento é caro, mas vale a pena pela qualidade. "Eu amo a Arri, pois é pequena, leve e grava com muito menos luz que outras câmeras que conheço", elogia. Os aparelhos chegam a custar 200 mil euros, pois a empresa produz apenas cerca de 300 unidades por ano. A montagem é toda manual.
A Arri foi fundada em 1917 por August Arnold e Robert Richter, então com 19 anos, e deve seu nome às duas primeiras letras dos sobrenomes dos fundadores. A ideia inicial era produzir câmeras pequenas o suficiente para serem carregadas sobre o ombro.
A empresa logo tornou-se referência no mercado e recebeu seu primeiro Oscar em 1967, pelo desenvolvimento da câmera Arriflex portátil de 35mm. De lá para cá, há 14 exemplares do cobiçado troféu da indústria cinematográfica em Munique, não somente pelas câmeras, mas também por refletores e novas tecnologias.
Selo de qualidade
Michael Ballhaus, um dos fotógrafos mais destacados da Alemanha, garante a qualidade da tecnologia vinda de Munique, descrevendo-a como "simplesmente perfeita." Ele tem extensa experiência de mercado: já filmou mais de 80 produções, tendo trabalhado com diretores de ponta, como o alemão Wolfgang Petersen e o americano Martin Scorsese.
Ballhaus argumenta que a principal vantagem do equipamento é a confiabilidade, pois as câmeras Arri funcionam tanto no deserto quanto na neve e no gelo.
Outra característica elogiada pelos diretores é o silêncio, qualidade alcançada devido ao sistema de produção. "Nós mesmos produzimos as peças e elas são muito exatas. Cada câmera é montada separadamente. São peças únicas", diz o diretor de produção da empresa, Christian Hartl.
Segundo ele, como os equipamentos da Arri são montados manualmente, um por um, as peças são encaixadas cuidadosamente e, por isso, não fazem ruído.
Do analógico ao digital
Atualmente, a nova meta da Arri é a transição para o digital. Nas salas de montagem, as mudanças já começaram a ser percebidas. Enquanto um funcionário parafusa uma Arriflex 235 analógica, uma mulher na mesa ao lado manuseia uma D21, a primeira câmera digital da marca.
É com este modelo que a empresa quer manter sua liderança em meio à atual revolução no mercado: a transição da película para o sistema digital. Isso sem deixar de lado o passado, até porque antigas câmeras portáteis de 16mm continuam chegando para reparos e limpeza. Mesmo com mais de 50 anos de uso.
De câmeras a pós-produção
Considerado uma consequência do processo de digitalização, o Departamento de Efeitos Especiais é uma das mais recentes criações da Arri. Nesse setor, profissionais consertam erros de gravações, tratam e editam os filmes.
Em uma das telas dos monitores da sala, por exemplo, um funcionário trabalha com uma cena gravada no verão, mas que deveria se passar no inverno. Com apenas alguns cliques, ele cobre as árvores e telhados das casas com neve. "Nós fazemos isso porque seria uma despesa maluca cobrir todo o cenário natural com neve e, ainda por cima, não pareceria real", explicou.