Empresariado alemão aguarda sinal verde para investir no Afeganistão
23 de janeiro de 2002Os bilhões destinados à reconstrução do Afeganistão estão, teoricamente, disponíveis. No entanto, falta definir exatamente em que projetos eles serão investidos e quais empresas receberão os contratos em questão. A fazer, há muito: estradas precisam ser construídas, linhas telefônicas instaladas, o fornecimento de água e energia elétrica regularizado.
Construtoras
– Frank Kehlenbach, da Federação Alemã da Construção Civil, espera um bom número de licitações a serem disputadas por empresas do país. Construtoras nacionais, como a Hochtief, por exemplo, já estiveram por muitos anos presentes no Afeganistão. "Nós observamos com atenção como a situação se desenrola", afirma Katja Klemm, porta-voz da empresa. Há meio século, a construtora desenvolveu inúmeros projetos em Cabul, tendo assinado um "contrato geral" para a construção de prédios públicos com o governo de então.Também a concorrente Philipp Holzmann AG, sediada em Frankfurt, foi a responsável nos anos 60 e 70 pela construção das embaixadas da Alemanha e do Japão, uma escola, um ginásio e de toda a canalização principal da capital afegã.
Telecomunicações
– Ruínas relembram também a presença do grupo farmacêutico Hoechst, em atividade no Afeganistão até 1999. Tanto tempo a Siemens não conseguiu ficar. A empresa manteve suas atividades no país, principalmente no setor de telecomunicações, apenas até o início dos anos 80. "O interesse em voltar ao Afeganistão existe, é claro", afirma uma porta-voz da empresa.Se a Siemens pretende investir no setor de telecomunicações ou em outros projetos, só deve ser definido in loco. Para isso, um representante da empresa deve acompanhar o assessor do Ministério da Economia, Siegmar Mosdorf, em sua viagem a Cabul no início de fevereiro próximo.
Também representantes da Thales ATM Air Traffic, antiga subsidiária da Siemens, devem acompanhar Mosdorf ao Afeganistão. Entre outros possíveis contratos, está a reconstrução do sistema eletrônico e de radares do aeroporto de Cabul, observa Hans Jörg Brandenburger, representante da empresa.
Incerteza
– De forma geral, no entanto, paira um clima de incertezas entre o empresariado alemão. Os riscos de investimentos em um Estado falido são grandes e só serão enfrentados se o retorno for seguro.O grupo Bilfinger Berger, de Frankfurt, por exemplo, anuncia que só se envolverá "com projetos de grande porte e completamente seguros", segundo Joachim Lemm, do Departamento Internacional da empresa.