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Brasil-Alemanha

30 de maio de 2010

Único fórum empresarial realizado anualmente entre a Alemanha e um país latino-americano, o tradicional Encontro Econômico Brasil-Alemanha abre sua 28° edição em clima de otimismo poucas vezes visto, apesar da crise.

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Fórum reforça parceria estratégicaFoto: picture-alliance / dpa/Grafik/DW

O Encontro Econômico Brasil-Alemanha abre neste domingo (30/5) em Munique sua 28° edição, reunindo mais de 650 participantes, incluindo o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e os ministros alemães do Exterior, Guido Westerwelle, e da Economia, Rainer Brüderle.

O fórum empresarial ocorre neste ano em um clima raramente visto em suas quase três décadas de existência. O Brasil vive momento de destaque, com estabilidade e bons índices de crescimento e, se no encontro de 2009, em Vitória, a escolha do país para sede da Copa do Mundo de 2014 já aumentava a atratividade do Brasil aos olhos alemães, neste ano, as conversas ganham o tempero extra das oportunidades geradas pela Olimpíada de 2016, no Rio.

Brasil foi poucas vezes tão atraente

"O Brasil é o único país latino-americano com o qual a Alemanha promove, todo ano, encontros desse gênero", ressalta Peter Rösler, subgerente geral da Associação Empresarial para América Latina (LAV, na sigla alemã) – plataforma alemã para empresários interessados no continente, e uma das cofundadoras do evento, promovido pela brasileira Confederação Nacional da Indústria (CNI) em conjunto com a Confederação da Indústria Alemã (BDI).

Rösler atribui a criação do evento ao espírito visionário do empresariado alemão. "Consideramos o Brasil um parceiro estratégico importante desde uma época em que ele não tinha o significado internacional que tem hoje", ressalta. "Parece que havia o pressentimento de que se tornaria uma das nações mais importantes do planeta", complementa.

Sigrid Zirbel, diretora do departamento de mercados internacionais da BDI e coordenadora da organização do encontro, pelo lado alemão, acha que o mercado brasileiro poucas vezes se mostrou tão atraente para os alemães, mesmo com a crise.

"O Brasil tem uma economia muito dinâmica, com previsão de crescimento entre 5% a 6% para este ano. Há muitos projetos brasileiros, principalmente nos ramos da energia e infraestrutura, para os quais a Alemanha tem muito a oferecer", lembra. Ela destaca, ainda, que o forte das empresas alemãs são soluções sustentáveis do ponto de vista ambiental.

Investimentos devem crescer

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Projeto da ThyssenKrupp é exemplo de investimento recenteFoto: ThyssenKrupp

"Os índices muito positivos da economia brasileira, bastante melhores que os alemães, aliás, levam a crer que essas boas condições se ampliarão", diz Rösler. Ele acredita haver uma tendência de crescimento e diversificação dos investimentos alemães no país e cita como exemplo o recente investimento da siderúrgica alemã ThyssenKrupp, que está construindo um complexo siderúrgico no estado do Rio de Janeiro com gastos de quase 5 bilhões de euros.

"Além disso, diversas pequenas e médias empresas alemãs estão querendo investir no Brasil, coisa que não tinha visto acontecer desde os anos 90", afirma o analista.

Com o know-how e a reconhecida eficiência de suas empresas, os alemães esperam abocanhar uma parte dos investimentos de cerca de 135 bilhões de reais que, segundo estimativa da CNI, deverão ser destinados às obras de infraestrutura relacionadas aos dois grandes eventos esportivos sediados no Brasil – a exemplo da África do Sul, onde os alemães conseguiram transformar em dividendos a experiência na organização do último mundial de futebol.

Alemães devem buscar parcerias

As empresas germânicas obtiveram no país africano um volume de contratos de cerca de 1,5 bilhão de euros, conforme levantamento da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio.

No caso brasileiro, entretanto, a coisa muda de figura, na opinião de Peter Rösler. Ele adverte que os alemães só conseguirão sucesso se fecharem parcerias locais. "Quem pensa que conseguirá entrar sozinho no Brasil, se engana", avisa.

"Na África do Sul, não há tantas empresas locais que podem oferecer certos serviços na área de infraestrutura", explica. "Já no Brasil, há um leque completo, desde grandes empreiteiras até firmas com conhecimento técnico especializado. Por isso, os alemães devem procurar parcerias", aconselha Rösler. "E, para isso, encontros como o de Munique são uma ótima oportunidade."

A cerimônia de abertura do evento inclui a tradicional entrega do Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha, conferido este ano ao ministro brasileiro Miguel Jorge e a Bernd Pfaffenbach, secretário de Estado do ministério alemão da Economia e Tecnologia.

Temas como investimentos em portos e logística serão discutidos por delegações empresariais encabeçadas pelos ministros Pedro Brito, da Secretaria de Portos, e Peter Ramsauer, do Ministério alemão dos Transportes.

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Augusto Valente