Novas fotos da RAF
5 de agosto de 2008Passados mais de 30 anos desde o dia em que a falta de perspectivas levou integrantes da Fração do Exército Vermelho (RAF) a cometer suícidio em suas celas na penitenciária de Stammheim, em Stuttgart, mais de 400 fotos tiradas na fatídica manhã seguinte, o 18 de outubro de 1977, foram encontradas na mesma cidade.
As imagens, até então desconhecidas, foram entregues à Procuradoria Municipal. Elas foram descobertas por acaso no acervo pessoal que um fótografo da polícia há tempos já morto mantinha em seu porão.
Além das celas, elas mostram cenas da autópsia dos líderes da RAF Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe, bem como da operação de emergência a que foi submetida Irmgard Möller, que sobreviveu à tentativa de suicídio com quatro facadas no peito.
Ao que parece, o fotógrafo fez uma cópia extra para uso pessoal, além das que entregou à Procuradoria Geral da República e ao Departamento Estadual de Investigações de Baden-Württemberg.
Morte misteriosa
O material traz à tona mais uma vez a até hoje misteriosa morte dos líderes da organização no interior de uma das mais bem protegidas penitenciárias do país. Dias antes, o líder empresarial Hanns Martin Schleyer e um avião de passageiros da Lufthansa haviam sido seqüestrados a fim de pressionar sua libertação, enquanto, diante dos pesados portões do complexo, manifestantes reivindicavam seu fuzilamento.
Mas eles mesmos tomaram seus destinos nas mãos, pouco após um comando antiterrorista do governo alemão haver libertado os reféns do avião estacionado em Mogadício.
Governo sabia?
As imagens encontradas são provas numa investigação que comprova o que diversos simpatizantes da RAF negaram durante muito tempo: o fato de que os presos não foram liquidados pelo Estado. No entanto, elas de forma alguma contribuem para avaliar se as autoridades, com a ajuda de escutas, sabiam dos planos de suicídio dos detentos e não tentaram impedi-los.
Em fins de 2007, um relato do semanário Der Spiegel impulsionou uma investigação – ainda não concluída – com o fim de verificar se funcionários públicos poderiam ser acusados de homicídio por omissão por haver eventualmente ignorado indícios que poderiam ter evitado a morte dos líderes da organização.
O relato leva à suposição de que os detentos estariam sendo escutados naquela noite e a conversa na qual combinaram o suicídio coletivo poderia ser encontrada nos protocolos da gravação. Ao todo, sete celas estavam sendo observadas.
Além disso, há indícios de que as autoridades haviam ignorado conscientemente o sistema elétrico de comunicação desenvolvido pelos detentos a fim de poder controlá-los. Segundo o Spiegel, tanto as autoridades federais quanto as estaduais se negaram a responder a qualquer pergunta a este respeito alegando sigilo.