Enfermeiro alemão é acusado de matar dezenas de pacientes
28 de agosto de 2017O enfermeiro alemão Niels H., preso pelo assassinato de dezenas de pacientes, pode ter matado muito mais pessoas do que inicialmente estimado. Após três anos de investigações sobre todos os pacientes de Niels H., os investigadores revelaram nesta segunda-feira (28/08) que o ex-enfermeiro pode ter sido responsável por 84 mortes adicionais.
Niels H., que já está cumprindo duas sentenças distintas de prisão, foi declarado culpado por injetar pacientes com medicação cardiovascular em hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst, no norte da Alemanha, entre 1999 e 2005. Seu objetivo era induzir insuficiência cardíaca ou colapso circulatório e então ressuscitá-los para impressionar seus colegas de trabalho.
Ele foi condenado em 2008 a sete anos e meio de prisão por tentativa de homicídio, depois de ter sido descoberto tentando forçar uma overdose num paciente. Em 2015, Niels H. foi sentenciado à prisão perpétua depois de ser considerado culpado em seis acusações de assassinato, duas acusações de tentativa de homicídio e uma denúncia de agressão depois que seu "truque" não funcionou. Os promotores alegaram na época que Niels H. provavelmente matou muitos mais pessoas, mas mantiveram as acusações baixas para tornar o caso mais fácil de provar.
Durante o julgamento em 2015, Niels H. admitiu surpreendentemente a um psicólogo ter matado 30 pessoas enquanto trabalhava na clínica em Delmenhorst e que injetou a medicação em pelo menos 60 pacientes. No ano passado, os promotores estimaram em 43 o número total de mortes provocadas por Niels H.
Autoridades "sem palavras"
Caso o ex-enfermeiro seja considerado culpado de mortes adicionais, a contagem de vítimas de Niels H. subiria para pelo menos 90, tornando-o um dos mais prolíficos serial killers (assassinos em série) da história criminal da Alemanha.
Investigadores relataram que, ao longo de três anos, exumaram e examinaram 134 corpos em busca de traços da medicação cardiovascular aplicada por Niels H., apontando 84 novos casos em que há suspeita de assassinato.
O chefe da polícia de Oldenburg, Johann Kühme, afirmou que a grande escala dos crimes cometidos por Niels H. "nos deixa sem palavras", acrescentando que alguns casos nunca serão provados porque alguns corpos foram cremados. "Como se tudo isso não bastasse, devemos reconhecer que a dimensão real dos assassinatos de Niels H. provavelmente é muitas vezes pior."
Kühme também criticou as autoridades sanitárias locais, que não agiram quando veio à tona que a taxa de mortalidade na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital de Delmenhorst quase dobrou, enquanto Niels H. trabalhava lá.
"Se as pessoas responsáveis na época, particularmente na clínica de Oldenburg, mas também em Delmenhorst, não tivessem hesitado em alertar as autoridades – por exemplo, polícia e procuradores – Niels H. poderia ter sido preso mais cedo", alegou Kühme.
Dois médicos e o chefe da unidade de Delmenhorst também enfrentam acusações de homicídio culposo em conexão com a morte de pacientes. Kühme afirmou que os novos processos contra Niels H. estão agendados para final do ano ou início de 2018. No entanto, dado o fato de que o ex-enfermeiro já cumpre uma pena de prisão perpétua, seu tempo de encarceramento não seria alterado.
PV/dpa/afp