Engenheiros responsáveis por barragem da Vale são presos
29 de janeiro de 2019Três funcionários da Vale e dois engenheiros terceirizados foram presos na manhã desta terça-feira (29/01) em operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) para apurar a responsabilidade pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho na última sexta-feira.
Os três funcionários da Vale, com residência na região metropolitana de Belo Horizonte, eram diretamente responsáveis pela Mina Córrego do Feijão e seu licenciamento, segundo o MPMG.
Já os dois engenheiros terceirizados, da empresa certificadora alemã TÜV Süd, com residência em São Paulo, foram responsáveis por atestar a estabilidade da barragem. Segundo veículos de imprensa, os dois engenheiros da TÜV Süd detidos são André Yassuda e Makoto Namba.
A prisão dos cinco detidos foi decretada por 30 dias, informou o MPMG, que pretende ouvir todos os presos em Belo Horizonte.
A operação também envolveu mandados de busca e apreensão na sede da Vale em Nova Lima (MG) e na sede "de uma empresa sediada em São Paulo que prestou, para a Vale, serviços de projetos e consultoria na área das barragens", disse o MPMG em nota, sem mencionar a TÜV Süd. Documentos e provas apreendidos serão analisados pelo Ministério Público.
Ao ser consultada pela DW Brasil nesta terça-feira, a TÜV Süd do Brasil disse "lamentar profundamente" o rompimento da barragem em Brumadinho e confirmou ter feito duas avaliações da barragem a pedido da Vale: uma revisão periódica da segurança da barragem em junho de 2018, e uma inspeção regular da segurança da barragem, em setembro de 2018.
"Devido às investigações em andamento, a TÜV Süd do Brasil não irá se pronunciar neste momento e fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades", disse a empresa.
A sede da TÜV-Süd em Munique confirmou à DW Brasil a prisão de dois de seus funcionários no Brasil e, devido às investigações em curso, também afirmou não poder dar mais informações neste momento. "Estamos apoiando plenamente as investigações", afirmou a companhia.
Em comunicado, a Vale afirmou que está colaborando "plenamente" com as autoridades. "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas [pelo rompimento da barragem]", disse a empresa.
O presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, informou que um grupo de trabalho criado pela Vale apresentará nos próximos dias um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa.
Sediada em Munique, a certificadora TÜV-Süd havia inspecionado no final de setembro de 2018 a estrutura que rompeu em Brumadinho e a atestado como "estável".
O rompimento da barragem de 86 metros de altura e 720 de cumprimento liberou mais de 11 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e arrasou instalações da mineradora e parte de uma comunidade da cidade.
Até agora, 279 pessoas continuam desaparecidas entre os rejeitos, e 65 mortes já foram confirmadas. No total, 192 pessoas foram resgatadas.
A Vale perdeu 72,8 bilhões de reais em valor de mercado na segunda-feira, primeiro pregão do Ibovespa depois da tragédia. A queda do valor das ações também foi influenciada pela decisão da empresa de suspender a remuneração a acionistas na forma de dividendos e juros sobre capital próprio e o pagamento de remuneração variável (bônus) a executivos, que foi anunciado no domingo.
PJ/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube
| WhatsApp | App | Instagram | Newsletter