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Engenheiros responsáveis por barragem da Vale são presos

29 de janeiro de 2019

Dois funcionários da certificadora alemã TÜV Süd, que atestou barragem em Brumadinho como estável, são detidos em São Paulo. Operação também resulta na prisão de três funcionários da Vale em Minas Gerais.

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Área atingida por rompimento de barragem em Brumadinho
Após a tragédia em Brumadinho, 65 corpos foram recuperados, e 279 pessoas continuam desaparecidasFoto: Reuters/Washington Alves

Três funcionários da Vale e dois engenheiros terceirizados foram presos na manhã desta terça-feira (29/01) em operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) para apurar a responsabilidade pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho na última sexta-feira.

Os três funcionários da Vale, com residência na região metropolitana de Belo Horizonte, eram diretamente responsáveis pela Mina Córrego do Feijão e seu licenciamento, segundo o MPMG.

Já os dois engenheiros terceirizados, da empresa certificadora alemã TÜV Süd, com residência em São Paulo, foram responsáveis por atestar a estabilidade da barragem. Segundo veículos de imprensa, os dois engenheiros da TÜV Süd detidos são André Yassuda e Makoto Namba.

A prisão dos cinco detidos foi decretada por 30 dias, informou o MPMG, que pretende ouvir todos os presos em Belo Horizonte.

A operação também envolveu mandados de busca e apreensão na sede da Vale em Nova Lima (MG) e na sede "de uma empresa sediada em São Paulo que prestou, para a Vale, serviços de projetos e consultoria na área das barragens", disse o MPMG em nota, sem mencionar a TÜV Süd. Documentos e provas apreendidos serão analisados pelo Ministério Público.

Ao ser consultada pela DW Brasil nesta terça-feira, a TÜV Süd do Brasil disse "lamentar profundamente" o rompimento da barragem em Brumadinho e confirmou ter feito duas avaliações da barragem a pedido da Vale: uma revisão periódica da segurança da barragem em junho de 2018, e uma inspeção regular da segurança da barragem, em setembro de 2018.

"Devido às investigações em andamento, a TÜV Süd do Brasil não irá se pronunciar neste momento e fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades", disse a empresa.

A sede da TÜV-Süd em Munique confirmou à DW Brasil a prisão de dois de seus funcionários no Brasil e, devido às investigações em curso, também afirmou não poder dar mais informações neste momento. "Estamos apoiando plenamente as investigações", afirmou a companhia.

Em comunicado, a Vale afirmou que está colaborando "plenamente" com as autoridades. "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas [pelo rompimento da barragem]", disse a empresa.

O presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, informou que um grupo de trabalho criado pela Vale apresentará nos próximos dias um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa.

Sediada em Munique, a certificadora TÜV-Süd havia inspecionado no final de setembro de 2018 a estrutura que rompeu em Brumadinho e a atestado como "estável".

O rompimento da barragem de 86 metros de altura e 720 de cumprimento liberou mais de 11 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e arrasou instalações da mineradora e parte de uma comunidade da cidade.

Até agora, 279 pessoas continuam desaparecidas entre os rejeitos, e 65 mortes já foram confirmadas. No total, 192 pessoas foram resgatadas.

A Vale perdeu 72,8 bilhões de reais em valor de mercado na segunda-feira, primeiro pregão do Ibovespa depois da tragédia. A queda do valor das ações também foi influenciada pela decisão da empresa de suspender a remuneração a acionistas na forma de dividendos e juros sobre capital próprio e o pagamento de remuneração variável (bônus) a executivos, que foi anunciado no domingo. 

PJ/ots

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