Envio de soldados alemães ao Oriente Médio divide opiniões
17 de agosto de 2006O intenso debate sobre uma possível participação de tropas alemãs na missão de paz da ONU na fronteira entre Israel e o Líbano é um tema extremamente delicado. Tanto na Alemanha, quanto em Israel. A lembrança dos seis milhões de judeus assassinados durante a Segunda Guerra paira sobre qualquer discussão sobre o assunto.
Resistência em Tel Aviv
Principalmente as gerações mais antigas de judeus, que sobreviveram ao Holocausto e ainda guardam as dolorosas memórias do período, a resistência em pensar em um possível confronto entre soldados israelenses e alemães é enorme.
Shlomo Shafir, um historiador de 82 anos que vive em Tel Aviv, é contra o envio de tropas da Alemanha à região. "Acredito que isso poderia prejudicar as boas relações entre os dois países. Eu pessoalmente vejo a República Federal da Alemanha como o melhor Estado alemão da história", comenta Shafir.
Sobrevivente do Holocausto, Shafir nasceu em Berlim e escapou com vida de um campo de concentração na Lituânia e, mais tarde, de Dachau. "Se um soldado alemão atirar num soldado israelense, tudo vai começar de novo. A lembrança dos nazistas, da Bundeswehr, da Wehrmacht, etc", diz Shafir.
Opiniões diversas
O receio do historiador é comum entre os israelenses. Um general de alta patente declarou a uma emissora de rádio no país que os israelenses não estarão em condições de lidar com a participação da Alemanha em forças de paz, devido à lembrança viva da história do último século.
No entanto, nem todos vêem com ceticismo uma possível participação de soldados alemães no Oriente Médio. Ruth Berkeley, que vive nos arredores de Tel Aviv, acredita que o perigo de atirar "em quem não se pretende atirar pode acontecer com qualquer um em qualquer lugar. Não se pode culpar soldados alemães, num caso como esse, só por serem alemães. Não posso culpar os soldados de hoje porque seus avós ou bisavós eram nazistas ou possíveis simpatizantes do nazismo".