Equiparação salarial por gênero avança na Alemanha
11 de janeiro de 2017O governo alemão declarou apoio a um projeto de lei que visa dar transparência aos valores dos salários de empregados de empresas de médio e grande porte, a fim de reduzir a diferença de pagamentos entre mulheres e homens.
O projeto endossado pelo gabinete do governo federal nesta quarta-feira (11/01) vai permitir que assalariados saibam o quanto ganham seus colegas em posições equivalentes nas empresas com mais de 200 funcionários. Aquelas com mais de 500 empregados terão que divulgar atualizações regulares de sua estrutura salarial e demonstrar que cumprem as regras de equiparação salarial.
O governo apoiou a legislação apesar de desavenças de longa sobre o assunto, entre os partidos que integram a coalizão governista: a União Democrata Crista (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, e o Partido Social-Democrata (SPD).
A secretária-geral do SPD; Katarina Barley, afirmou que a iniciativa é um "avanço verdadeiro" na luta pela igualdade de remuneração entre os gêneros: "A distribuição desigual de renda é uma grande injustiça. As mulheres geralmente ganham significativamente menos do que os homens, apesar de fazerem o mesmo trabalho."
Na Alemanha, os assalariados ganham, em média, 21% a mais do que suas colegas. Na União Europeia, (UE) a diferença média é de 16,5%, segundo estatísticas de 2015. Mesmo considerando que um número maior de mulheres trabalha em meio expediente ou em funções de menor remuneração, a diferença entre homens e mulheres com qualificações iguais permanece de 7%, segundo fontes oficiais.
A ministra alemã da Família, Manuela Schwesig, afirmou que o projeto de lei é um "avanço real" rumo à equiparação salarial na Alemanha. "Temos de romper o tabu de que não se deve falar sobre dinheiro, pois queremos assegurar que mulheres e homens não sejam colocados em confrontação, no que diz respeito aos salários."
Apesar do apoio do governo federal, o projeto de lei deverá enfrentar oposição no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). Segundo o deputado da CDU Christian von Stetten, cerca de 4 mil empresas arcarão com uma sobrecarga de burocracia, caso a legislação seja aprovada: Além disso, "o direito de exigir informações sobre os salários vai gerar inveja e descontentamento nos locais de trabalho", alegou.
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