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Escândalo eleitoral atinge vice-chanceler austríaco

17 de maio de 2019

Líder de partido ultradireitista, Heinz-Christian Strache é acusado de oferecer contratos lucrativos com o governo em troca do apoio milionário de uma suposta magnata russa nas eleições de 2017. Ele nega irregularidades.

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Strache, de 49 anos, é líder do FPÖ, que governa a Áustria ao lado do ÖVP, do chanceler Sebastian Kurz
Strache, de 49 anos, é líder do FPÖ, que governa a Áustria ao lado do ÖVP, do chanceler Sebastian KurzFoto: picture-alliance/dpa/picturedesk.com/G. Artinger

Um escândalo revelado por veículos da imprensa alemã atingiu nesta sexta-feira (17/05) o vice-chanceler federal da Áustria, Heinz-Christian Strache, líder do ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ). Ele é acusado de ter oferecido futuros contratos governamentais em troca de apoio ao seu partido nas últimas eleições parlamentares.

O jornal Süddeutsche Zeitung e a revista Der Spiegel divulgaram um vídeo gravado com uma câmera escondida na ilha de Ibiza, na Espanha, em julho de 2017, antes de Strache se tornar membro do atual governo austríaco, sob comando do chanceler federal Sebastian Kurz.

As imagens, cuja autenticidade não pôde ser imediatamente verificada, mostram um encontro entre o vice-chanceler e uma mulher da Rússia, suposta sobrinha de um oligarca russo, que diz estar interessada em investir grandes quantidades de dinheiro na Áustria. Também participou do encontro um aliado próximo de Strache, o deputado Johann Gudenus, do FPÖ.

Segundo a Spiegel, a russa, que não foi identificada, falou em doar 250 milhões de euros e sugeriu várias vezes que o dinheiro teria sido obtido de maneira ilegal.

"No entanto, Strache e Gudenus permaneceram na reunião por cerca de seis horas e discutiram sobre oportunidades de investimento na Áustria", escreve a revista alemã. "O encontro foi obviamente organizado como uma armadilha para os políticos do FPÖ."

Os veículos afirmam que, na reunião, Strache disse à mulher que ela obteria lucrativos contratos de construção na Áustria se ela comprasse um jornal austríaco e declarasse apoio ao seu partido nas eleições parlamentares daquele ano.

A russa teria sugerido comprar um pacote significativo de ações do diário Kronen Zeitung para apoiar a campanha do nacionalista FPÖ – que após as eleições acabaria formando uma coalizão com o conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), de Kurz, e entrando no governo.

"Se ela assumir o Kronen Zeitung três semanas antes das eleições e nos trouxer o primeiro lugar, então podemos conversar sobre qualquer coisa", teria dito Strache na gravação.

Segundo os veículos, o vice-chanceler também afirma que, se a magnata russa ajudasse o partido a sair vitorioso no pleito, "ela poderia fundar uma empresa como a Strabag", referindo-se a uma importante empreiteira austríaca. "Ela receberá todos os contratos governamentais que a Strabag recebe agora", acrescentou.

Strache e Gudenus também pareciam sugerir a existência de um sistema de doação possivelmente ilegal para o partido. O líder do FPÖ teria dito na reunião que os doadores ricos "pagam entre 500 mil e 1,5 milhão e 2 milhões de euros" não ao partido, mas a uma associação.

O vice-chanceler acrescenta: "A associação é de caridade, não tem nada a ver com o partido. Dessa forma, nenhum relatório vai para o Rechnungshof", o tribunal federal de contas do país.

Em relatos à Spiegel e ao Süddeutsche, supostos doadores mencionados por Strache e Gudenus durante a reunião negaram enviar dinheiro ao partido direta ou indiretamente. Ambos os políticos disseram mais tarde que essas doações nunca foram recebidas.

Strache e Gudenus admitiram que o encontro em Ibiza aconteceu, mas disseram ter se tratado de uma reunião "puramente privada" e com muito álcool envolvido. Também afirmaram que, ao longo da noite, lembraram repetidas vezes "as regulamentações legais relevantes e a necessidade de levar em conta a lei austríaca".

Esta não é a primeira vez que o governo de Kurz tem de lidar com acusações contra seus membros ultranacionalistas. Desde o início da coalizão entre ÖVP e FPÖ, no final de 2017, vieram à tona escândalos e incidentes quase semanais, geralmente relacionados com declarações antissemitas ou relações com grupos neonazistas.

A polêmica mais recente ocorreu no final de abril, quando um político do FPÖ escreveu um poema discriminatório em que comparou imigrantes a ratos. O texto publicado num folheto da legenda provocou críticas generalizadas e deixou irritado o chanceler federal.

O poema intitulado "O rato urbano" foi impresso numa publicação local do partido nacionalista em Braunau am Inn, cidade localizada na fronteira com a Alemanha e famosa por ser o local de nascimento de Adolf Hitler. O texto escrito pelo vice-prefeito de Braunau am Inn, Christian Schilcher, advertia contra imigrantes e a mistura de culturas.

EK/ap/efe/afp/dpa/ots

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