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Esclarecimento das causas é enorme quebra-cabeça

4 de julho de 2002

Escritório Alemão para Investigação de Acidentes Aéreos quer concentrar-se na análise das gravações de bordo e dos diálogos entre pilotos e torre de controle.

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Familiares das vítimas visitam o local do acidenteFoto: AP

As primeiras análises dos especialistas do Escritório Alemão para Investigação de Acidentes Aéreos confirmam que o controlador de vôo da Skyguide demorou muito para alertar o piloto do Tupolev 154 sobre a proximidade de outra aeronave e a necessidade de um desvio. O primeiro aviso ocorreu apenas 44 segundos antes do acidente e foi repetido 14 segundos depois, porque a tripulação não reagira. Os 30 segundos, no entanto, teriam bastado para desviar a aeronave. Fatal foi o fato de o piloto do Boeing 757 começar a baixar ao mesmo tempo, por ter sido alertado por seu sistema TCAS (Traffic Collision Avoid System) de bordo.

Na noite de segunda-feira, os dois aviões colidiram a mais de 11 mil metros de altitude sobre o Lago de Constança, na fronteira da Alemanha com a Suíça. O avião russo levava um grupo de crianças para férias na Espanha e o cargueiro alemão voava em direção a Bruxelas.

Falha no funcionamento —

As autoridades alemãs confirmaram que as duas aeronaves estavam equipadas com o mais moderno sistema de alarme, sendo inexplicável porque a comunicação entre elas não funcionou. Os especialistas querem se concentrar na análise das gravações de bordo e dos diálogos dos pilotos com a torre de controle. Os voice recorders, embora bastante danificados, estão em condição de serem utilizados. A escuta das gravações deve ser iniciada ainda na noite desta quinta-feira (06).

Desmentido —

O diretor do Escritório Alemão, Peter Schlegel, ressaltou no final da tarde não ter sido encontrado nenhum indício de que o piloto do Tupolev 154 teria sido o primeiro a advertir a torre de controle em Zurique, 90 segundos antes do choque entre as aeronaves. A agência de notícias russa RIA-Nowosti divulgou esta versão no decorrer do dia, reportando-se a um especialista russo não identificado.

Investigações —

Nesse meio tempo, as promotorias de Zurique, na Suíça, e Constança, na Alemanha, iniciaram investigações contra a empresa de controle aéreo Skyguide, por suspeita de homicídio por negligência. O objetivo é esclarecer se foram cometidas pelo centro de controle de vôo falhas passíveis de punição.

O resgate das vítimas da catástrofe e dos escombros dos aviões está prestes a ser concluído. Dos 68 corpos resgatados, 58 já foram submetidos a autópsia, mas apenas três vítimas puderam ser identificadas. A identificação das demais deverá ser feita com base em objetos encontrados e informações médicas trazidas pelos familiares, que chegaram à Alemanha na manhã desta quinta-feira. As autoridades querem poupá-los do reconhecimento dos corpos.

Reivindicação —

Em conseqüência do acidente, o ministro dos Transportes da Alemanha, Kurt Bodewig, defendeu a unificação do espaço aéreo europeu e a implantação de um sistema único de controle de vôos. Esse projeto vem sendo reivindicado há anos pela Alemanha, ressaltou Bodewig, mas a resistência de certos países é grande. Sua esperança é de que as diferenças possam ser superadas até o final de 2004.

Opinião semelhante foi expressa em Bruxelas por um porta-voz da comissária dos Transportes, Loyola de Palacio. (lk)