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Escolas: parceria por um futuro melhor

Liliane Corrêa7 de outubro de 2003

Nas redondezas de Xingu, em esquinas de São Paulo, sob as pontes de Belo Horizonte: o soar forte de uma língua bela e desconhecida são indício de que algumas escolas alemãs estão participando do cotidiano brasileiro.

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Intercâmbio enriquece professores e alunosFoto: Bilderbox

Nada menos do que 164 países do globo participam do Projeto Unesco de parceria com escolas, que completa 50 anos no mundo e em solo alemão. Na Alemanha localizam-se, distribuídas em 100 cidades, aproximadamente 130 destas escolas-projeto, das quais se destacam pelo menos 12 que se dedicam exclusivamente à colaboração com o Brasil. Longe de incorporar os estigmas de escolas-modelo, buscam essencialmente integrar temas como direitos humanos, preservação da riqueza cultural e natural do mundo e a busca de equilíbrio entre pobres e ricos no programa escolar bem como na vida privada dos alunos.

Por que o Brasil?

Não existe talvez no mundo país mais perfeito para demonstrar um conjunto de desigualdades tão grande: o Brasil, rico em tantos recursos naturais e humanos, de mercado abundante, economia em desenvolvimento e capacidade para grandiosas parcerias internacionais, é campeão de desemprego, de diferença de classes, de abuso de direitos e de má distribuição de renda.

Por meio de seu trabalho, estas 12 escolas alemãs inseridas no Projeto Unesco buscam promover uma rede de comunicação sem fronteiras entre os estudantes de todos os níveis escolares, incentivar o entendimento entre os povos, estimular o surgimento de novas idéias e retomar assuntos negligenciados pela comunidade, propagar um conceito de mundo justo, pacífico e preocupado com a natureza e, finalmente, estabelecer contatos e encontros, na forma de parcerias entre escolas, realização de seminários e programas de intercâmbio.

Pauta variada

Os projetos focados no Brasil têm uma pauta bem variada: uma escola de ensino fundamental da Baviera, por exemplo, coopera com a região do Xingu. Um ginásio em Weimar promove eventos musicais beneficentes em prol de crianças paulistas, enquanto outro em Lüneburg coopera com as crianças de rua em Belo Horizonte. Estes entre tantos outros projetos.

As escolas dividem os mesmos princípios de base, mas têm autonomia na escolha dos temas e dos métodos sugeridos pela Unesco. Os projetos teuto-brasileiros trabalham principalmente através de intercâmbio de alunos e professores, na esperança de que a troca gere conhecimento, abertura, simpatia, sinergia.

Importante dizer que não são somente as crianças e educadores brasileiros que lucram: os estudantes alemães passam a conhecer uma outra realidade, fora da bolha de vidro que os separa do injusto e inseguro mundo subdesenvolvido. Passam a enxergar o que não conhecem com mais respeito, a valorizar o que têm, a dar em vez de somente receber.

Ao promover e incentivar entre os alunos e educadores valores consistentes de direitos humanos, tolerância e democracia, a Unesco busca modificar comportamentos e moldar atitudes. Seu projeto de parceria entre as escolas alemãs e brasileiras traz consigo um poder que vai além de identificar as dificuldades do presente. Fornece às gerações que surgem mais do que preciosas ferramentas à correção de falhas da educação familiar e do sistema educacional: permite-lhes de fato mudar o mundo e alavancar o próprio futuro.