Esforço na Otan para acalmar discussão
2 de dezembro de 2003Ao contrário do seu colega da Defesa, Donald Rumsfeld, o chefe do Departamento de Estado americano, Colin Powell, saudou a iniciativa européia, embora de forma muito comedida. Ele disse que a Otan é o instrumento principal da segurança transatlântica e, caso não possa ou não queira realizar uma ação de segurança na Europa futuramente, a União Européia deve examinar se pode atuar militarmente.
Powell falou em Maastricht, no encontro da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Ele anunciou, ao mesmo tempo, que enquanto a Rússia não retirar suas tropas da Geórgia e da Moldávia, os EUA não poderiam ratificar o tratado sobre redução de armas convencionais na Europa.
Opiniões antes e depois
– Antes do encontro com os seus colegas da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Rumsfeld havia criticado os planos de independência militar dos europeus, porque representaria uma duplicação das estruturas da aliança militar. Depois, ele disse que "a discussão ainda está em andamento na União Européia" e que "é bom que seja assim". A supremacia americana na aliança militar transatlântica é incontestável por ambos os lados, tanto em termos de contingente quanto de equipamentos bélicos.Na conferência, o secretário-geral da Otan, George Robertson, justificou que os planos da UE não questionariam "a prioridade da Otan pela segurança na Europa". Mas depois, o britânico se distanciou de uma política de defesa própria da comunidade européia, alegando que, na realidade, os preparativos da UE e da Otan já permitem ações militares próprias da comunidade européia. E nisto poderiam ser usados os quartéis-generais que existem na Grã-Bretanha, França e Alemanha.
Criar quartéis para a União Européia seria duplicar as estruturas militares já existentes e com isto os europeus estabeleceriam prioridades falsas, advertiu Robertson. Ele declarou, porém, que os ministros asseguraram no encontro que as iniciativas da UE não se dirigiriam jamais contra a Otan. Os ministros discutiram principalmente a criação de um quartel-general europeu.
Crítica injustificada
– O ministro da Defesa da Alemanha, Peter Struck, por sua vez, defendeu a proposta apresentada pela Alemanha, França e Grã-Bretanha no último fim de semana para criação de capacidade de planejamento militar próprio da UE. As críticas de Rumsfeld contra tais planos seriam "injustificadas", segundo Struck, porque não se trata de construir estruturas duplas na Otan, mas tão somente de fortalecer a parte européia na aliança militar. "E isto pode e tem de ser de interesse dos nossos amigos americanos", disse ele.Ampliação de tropa no Afeganistão
– Outro assunto polêmico foi a ampliação da tropa multilateral de proteção no Afeganistão (ISAF). Apesar dos repetidos apelos de Robertson, a missão de paz ainda não está completa. O ministro alemão apelou aos demais colegas europeus para um engajamento maior no país destruído pela guerra civil e pelos bombardeios americanos na guerra contra o regime talibã.Os ministros aprovaram, ao mesmo tempo, o envio de 17 equipes para a reconstrução do Afeganistão. A Alemanha foi o primeiro membro da Otan a enviar uma equipe desta para a província de Cunduz com mandato da Isaf. Esta tropa é constituída por 5.500 soldados, sendo a maioria da Alemanha e do Canadá.