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Especialistas analisam impacto do furacão Sandy sobre eleições nos EUA

30 de outubro de 2012

Enquanto equipes de resgate atuam nos Estados atingidos da costa leste, possíveis efeitos da tempestade sobre resultado da disputa presidencial do dia 6 de novembro acendem discussão política.

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Foto: Reuters

Embora o debate interno nos EUA sobre possíveis consequências do furacão Sandy seja dominado por táticas de campanha eleitoral e contenha uma boa dose de futurologia, a verdade é que a tempestade já teve efeitos sobre as eleições presidenciais do próximo dia 6 de novembro. Na costa leste, atingida, a possibilidade de votar antecipadamente foi drasticamente reduzida ou completamente paralisada em muitas localidades.

No estado de Maryland, as eleições antecipadas destas segunda e terça-feira (30/10) foram suspensas. Também na Virgínia – estado considerado campo de batalha eleitoral – inúmeros postos eleitorais foram fechados.

Há alguns anos, cada vez mais norte-americanos aproveitam a oportunidade de votar antes do dia das eleições. E os eleitores dos democratas tendem a comparecer ao pleito antecipado com mais frequência do que os republicanos.

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Governantes em exercício costumam ser beneficiados em tempos de criseFoto: AP

Pequeno impacto

Além da restrição ao voto antecipado, dependendo dos efeitos da tempestade, alguns eleitores estarão simplesmente ocupados com outros problemas na próxima terça-feira de votação. Fora isso, os impactos de Sandy devem ser pequenos, de acordo com as perspectivas atuais.

"Eu ficaria muito surpreso se isso desempenhasse um papel importante", diz Irwin Collier, professor no Instituto John F. Kennedy da Universidade Livre de Berlim. Para o especialista, o período até o dia das eleições é relativamente curto para se avaliar os impactos da tempestade e o desempenho do governo Obama no gerenciamento de crise.

Além do mais, os estados litorâneos atingidos pelo furacão não são decisivos para o resultado eleitoral. O peso maior está em Ohio e outros estados, afirma Collier.

Governantes em exercício costumam ser beneficiados em tempos de crise pela maior responsabilidade atribuída ao cargo e pela maior atenção da mídia, enquanto os adversários políticos são obrigados a manter um comportamento passivo.

Ausência de erros

Tal teoria poderia valer para o presidente Barack Obama, se ele provar ser um bom gestor de crise, ressalta Heinz Gärtner, especialista em EUA do Instituto Austríaco de Política Internacional, em Viena. "Mas também pode ser que o comparecimento às urnas diminua por causa da tempestade, o que se aplica principalmente a potenciais eleitores democratas, cujos locais onde vivem foram mais afetados pela tempestade", pondera.

Até o momento, Obama fez tudo certo e levou a sério as regras mais importantes do gerenciamento de crise em tempos de eleição. "Ele não pode cometer erros, pois agora eles serão punidos imediatamente", considera Collier.

Como reação à tempestade, o presidente mudou imediatamente o foco da campanha eleitoral para o gerenciamento de crise. Ele retornou a Washington para assumir o comando da equipe. Antes mesmo da tempestade chegar aos EUA, Obama já havia garantido ajuda ilimitada e suporte do governo aos estados atingidos. "Obama não pode fazer muito mais do que isso neste momento", analisa Collier.

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Ao adversário Romney resta deixar a política nas mãos de ObamaFoto: AP

Ao adversário republicano, Mitt Romney, resta deixar a política nas mãos do presidente e apenas rezar pelas vítimas da tempestade.

Comparação com o Katrina

Sebastian Harnisch, professor de ciências políticas da Universidade Ruprecht-Karl de Heidelberg, compara o furacão Sandy ao Katrina, que em 2005 devastou grandes áreas da costa do golfo dos EUA, sobretudo o estado de New Orleans. O Katrina foi considerado uma das piores catástrofes naturais do país, e o gerenciamento de crise do então presidente, George W. Bush, deixou a desejar.

Heinz Gärtner acredita que Obama aprendeu com o fracasso de Bush – que transferiu a culpa para a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema) – e se sairá melhor. Ironicamente, completa o especialista, "Romney queria extinguir a Fema durante a campanha eleitoral, o que os democratas devem tematizar agora".

Mas isso seria voltar à campanha política, algo que Obama procura evitar em meio às medidas de emergência que precisa tomar. A única tarefa do presidente dos EUA neste momento é gerir soberano a catástrofe natural.

Autor: Michael Knigge (lpf)
Revisão: Francis França