Estado de Israel completa 65 anos
14 de maio de 2015O 14 de maio de 1948 foi um dia que abalou o Oriente Médio. Nesse dia, num museu em Tel Aviv, Israel foi declarado um Estado independente. Algumas fotos em preto e branco levemente borradas, imagens de vídeo tremidas e uma gravação de áudio com chiados são testemunhas desse acontecimento.
As imagens mostram o chefe da região autônoma judaica da Palestina, David Ben Gurion. Acima de sua cabeça, vê-se pendurado um retrato de Theodor Herzl, o fundador do sionismo moderno. Na mão esquerda, Ben Gurion segura folhas com o texto da declaração de independência.
"Na terra de Israel surgiu o povo judeu. Aqui se formou sua identidade espiritual, religiosa e política", afirma Ben Gurion. Expulso pela força, o povo judeu permaneceu ligado, mesmo no exílio, de forma fiel à sua pátria. Sua esperança de voltar para casa nunca esvaneceu. Solenemente, Ben Gurion proclama: "Nós pelo presente declaramos o estabelecimento de um Estado judeu em Eretz-Israel, a ser chamado de Estado de Israel".
Mais tarde, Ben Gurion, que viria a ser o primeiro premiê israelense, registrou em seus diários. "O encontro terminou com o canto do Hatikvah, nosso Hino Nacional. Lá fora, o povo dançava nas ruas de Tel Aviv."
A Guerra da Independência
A alegria com a fundação do Estado foi ofuscada, no entanto, pela expectativa da guerra iminente. Os Estados árabes rejeitaram a decisão da ONU de 1947, que previa a divisão do chamado Mandato Britânico da Palestina entre judeus e árabes.
Aos judeus foi concedida pouco mais de metade da Palestina, mas essa área deveria acolher pacificamente quase 500 mil moradores judeus e 440 mil palestinos. Segundo o historiador israelense Ilan Pappe, o plano foi o estopim da tragédia que viria a seguir.
Para mudar o equilíbrio demográfico em favor dos judeus, Ben Gurion decidiu então expulsar 1 milhão de palestinos da região. Mais de 80% da população – 750 mil palestinos – deixaram, de fato, sua pátria. Eles se refugiaram nos países árabes vizinhos ou em regiões não dominadas por Israel, na Cisjordânia ou em Gaza. Na época, foram eliminados 530 vilarejos palestinos, e 11 cidades foram destruídas.
Contrários à criação de Israel, os países árabes vizinhos – Egito, Iraque, Líbano, Síria e Transjordânia – decidiram atacar o novo Estado judeu. A Guerra da Palestina de 1948, que os judeus chamam de Guerra da Independência, foi vencida por Israel, que ampliou seu domínio para 75% da superfície da antiga Palestina.
A Guerra dos Seis Dias e suas consequências
Menos de 20 anos depois, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ampliou sua soberania também para a Cisjordânia e Gaza. Entre 5 e 10 de junho de 1967, as tropas israelenses venceram os Exércitos do Egito, da Jordânia e da Síria, tomando a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e as Colinas de Golã. O sucesso militar inesperado e esmagador provocou na população israelense uma onda de entusiasmo nacionalista e religioso.
Especialmente a conquista de Jerusalém Oriental, que abriga o mais importante santuário judaico, o Muro das Lamentações, desencadeou sentimentos messiânicos. Logo os primeiros assentamentos israelenses foram estabelecidos nas regiões ocupadas. Tais assentamentos não foram apenas tolerados, mas também promovidos pelo governo israelense sob a liderança do Partido Trabalhista. Eles eram vistos como postos avançados de defesa e, por meio deles, pretendia-se isolar a população palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, tentando assim evitar que ali se formassem estruturas autônomas.
Nem o tratado de paz com o Egito, em 1979, nem o processo de paz iniciado em 1993 ou a retirada israelense da Faixa de Gaza, em 2005, conseguiram pôr um fim à política de assentamentos. Nem mesmo o primeiro-ministro, Yitzhak Rabin, assassinado em 1994 e um opositor assumido dos assentamentos, conseguiu retirar os assentamentos dos territórios ocupados.
Atualmente, 500 mil colonos judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Muitos deles deixaram a Europa Oriental e a Ásia Central, indo para Israel após o colapso da União Soviética. Israel acolheu por volta de meio milhão de judeus russos. Além disso, 14 mil judeus etíopes foram levados para Israel numa operação espetacular, em 1991.
Relações com a Alemanha
Desde 1965, a República Federal da Alemanha mantém relações diplomáticas com Israel. No ano de 1952, por meio do Tratado de Luxemburgo, a Alemanha se comprometeu a pagar quase 3,5 bilhões de marcos como forma de "compensação" pela privação e assassinato dos judeus europeus pela Alemanha nazista. "Nós temos de reparar, tanto quanto for possível, o mal provocado pelos nazistas aos judeus", declarou o então chanceler federal alemão, Konrad Adenauer.
A 14 de março de 1960, Adenauer encontrou-se no Hotel Waldorf Astoria, em Nova York, com o primeiro-ministro Ben Gurion, para uma conversa privada. Após o encontro, Ben Gurion declarou à imprensa: "Eu fiquei contente de encontrar o chanceler Adenauer. Eu disse no Knesset que a Alemanha de hoje não é a Alemanha de ontem. Após meu encontro com Adenauer, estou seguro de que essa constatação estava certa."
As fotos dos dois patriarcas – Ben Gurion, com um largo sorriso e indomáveis cabelos brancos, e Adenauer, com olhos astuciosos e cabelos grisalhos penteados para trás – rodaram o mundo. Um ano mais tarde, em maio de 1961, os dois chefes de governo se encontraram novamente, mas desta vez na humilde residência de Ben Gurion no kibutz Sde Boker, no deserto do Negev.
Segurança de Israel
Atualmente, as relações entre Berlim e Jerusalém são estreitas e de confiança. A Alemanha é considerada um dos aliados mais fiéis de Israel, apoiando o país política e diplomaticamente, também com o fornecimento de armas.
Em fevereiro de 2000, Johannes Rau foi o primeiro presidente alemão a falar no Parlamento israelense. "A decisão de me convidar enche-me de gratidão", disse Rau, que durante muitos anos também manteve uma relação pessoal com Israel. "Eu a sinto como um sinal da vontade de nunca esquecer o passado e como um sinal da coragem de, apesar disso, superar a paralisia do medo da história."
Em março de 2008, a chanceler federal Angela Merkel fez um discurso bastante elogiado no Knesset. Como todos os chefes de governo alemães anteriores, também ela se disse particularmente comprometida com a responsabilidade histórica da Alemanha perante Israel: "Esta responsabilidade histórica da Alemanha é parte da razão de Estado de meu país. Ou seja, para mim, como chanceler federal alemã, a segurança de Israel não é negociável."