"Estado Islâmico" assume autoria de atentado na Tunísia
19 de março de 2015Num comunicado divulgado nesta quinta-feira (19/03) na internet, o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) assumiu a autoria do ataque que matou 23 pessoas e deixou dezenas de feridos no Museu Nacional do Bardo, em Túnis.
Publicada em áudio num fórum online que divulga declarações do grupo, a mensagem em árabe descreve o atentado desta quarta-feira como uma "invasão abençoada a um dos antros de infiéis e imorais da muçulmana Tunísia".
A voz da gravação afirma ainda que o ataque foi cometido por "dois cavaleiros do califado". Segundo os jihadistas, os autores do crime tinham armas automáticas e granadas, e descarregaram toda a munição antes de serem mortos pelos policiais tunisianos.
Nesta quinta-feira, o governo divulgou a identidade dos dois terroristas como sendo Yassine Abidi e Hatem Khachnaoui, "provavelmente" tunisianos. Segundo o primeiro-ministro Habib Essid, os serviços de inteligência tinham informações sobre Abidi, embora elas viessem sendo coletadas "por nenhum motivo em especial". A imprensa local divulgou que o terrorista já havia passado um tempo no Iraque e na Líbia.
Na mensagem publicada na internet, o EI ainda prometeu lançar mais ataques, afirmando que a violência observada até agora "foi só o começo". "O que vocês, impuros, viram agora é apenas a primeira gota da chuva", diz a declaração, também anunciada pelo grupo de inteligência Site, com sede nos EUA. "Vocês não vão ter nem segurança nem paz."
Baseado na Síria e no Iraque, o "Estado Islâmico" tem muitos afiliados na vizinha Líbia, onde muitos tunisianos lutam e treinam com grupos extremistas. No início da semana, um alto comandante tunisiano foi morto em combate no território líbio.
Exército nas principais cidades
O ataque terrorista ao museu na capital tunisiana chocou a população e levou as autoridades a determinar o envio de tropas do Exército às principais cidades do país, com receio de que novos ataques possam ser desencadeados.
Entre os mortos havia ao menos 20 estrangeiros, provenientes do Japão, Espanha, Colômbia, Austrália, Bélgica, França, Polônia, Itália e Reino Unido. Segundo o Itamaraty, não houve confirmação de nenhum brasileiro entre as vítimas.
Nesta quinta-feira, as autoridades anunciaram a prisão de nove suspeitos de envolvimento no atentado – "quatro pessoas diretamente associadas à operação e outros cinco suspeitos de terem ligações com a célula", afirmou o gabinete da presidência por meio de uma nota. Entre os detidos estariam o pai e a irmã de Khashnaoui, identificado como um dos autores do ataque.
O presidente Beji Caid Essebsi jurou combater "sem misericórdia" os extremistas, e afirmou que os tunisianos estão "em estado de guerra" contra o terrorismo. "Essas células minoritárias e brutais não vão nos intimidar. Sairemos vitoriosos", prometeu.
O ataque é o maior no país desde 2002, quando um atentado perpetrado por um homem-bomba da Al Qaeda matou 21 turistas estrangeiros numa sinagoga na ilha turística de Djerba. É também o episódio de maior violência na Tunísia desde os levantes que derrubaram o ditador Zine el-Abidine Ben Ali, em 2011.
Numa atitude desafiadora, o governo anunciou que o Museu Nacional do Bardo será reaberto na próxima semana.
MSB/ap/rtr/lusa/afp/dpa