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Estratégias antiterror dividem especialistas alemães

Klaudia Prevezanos (sm)15 de agosto de 2006

Apesar de os atentados planejados contra Londres terem sido evitados, ainda é cedo demais para relaxar. Especialistas refletem sobre outras estratégias contra o terrorismo.

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Policiais vigiam uma casa no norte de LondresFoto: AP

"A operação antiterror no aeroporto de Londres foi um evidente êxito, mas o assunto ainda vai dar o que pensar", afirma Joachim Krause, diretor do Instituto de Política de Segurança da Universidade de Kiel.

Afinal, os terroristas suspeitos de planejar o atentado, presos na quinta-feira (10/08), são cidadãos britânicos da comunidade muçulmana do país. "Isso já permite calcular o potencial de violência que existe, mesmo em se tratando de uma reduzida minoria", opina Krause.

"Ainda veremos o Oriente Médio em chamas"

Michael Pohly, participante de uma pesquisa sobre segurança da Universidade Livre de Berlim, considera a operação de Londres "um êxito na prevenção, mas não no combate ao terrorismo: mesmo enfraquecidas, essas pessoas podem continuar atuando em suas redes".

A longo prazo, o terrorismo deveria ser combatido pela raiz, mas Pohly, do Instituto de Estudos Iranianos, não vê muitas perspectivas para este intento: "O Iraque está sob a ameaça de uma iminente guerra civil, no Afeganistão a violência continua aumentando e o conflito no Líbano incita cada vez mais jovens a aderir a grupos terroristas. Ainda veremos o Oriente Médio em chamas", afirma Michael Pohly.

"Vai ficar na vontade"

Heathrow gelähmt
Aeroporto Heathrow, em Londres, paralisado na sexta-feira, 11 de agostoFoto: AP

Klaus Segbers, professor de Política Internacional na Universidade Livre de Berlim, ressalta conflitos de valores entre diferentes sociedades como causa de uma crescente radicalização. "Além disso, não paramos de produzir novos perdedores da globalização", afirma Segbers. A solução de médio prazo poderia ser um consenso nas negociações sobre comércio mundial, a fim de que o bem-estar não ficasse só na promessa, mas se tornasse realidade.

"Em nível nacional, devemos nos perguntar se podemos nos dar ao luxo de manter a existência de sociedades paralelas", afirma o especialista. As perspectivas de Segbers também não são das mais animadoras: "Uma melhor distribuição dos recursos e uma maior integração de imigrantes prometem ficar na vontade e cair no esquecimento alguns dias após os acontecimentos em Londres".

Investigações policiais minuciosas

Krause, da Universidade de Kiel, faz uma avaliação mais pragmática da estratégia antiterror para a Europa. Para ele, os criminosos são muçulmanos radicais a serem detidos apenas através de investigações policiais detalhadas. Para isso, seria necessário infiltrar agentes em grupos radicais, grampear telefones, acessar o e-mail de suspeitos e obter de policiais uma avaliação precisa da ameaça representada por uma dada situação.

"Muitas vezes são apenas informações casuais que chegam à polícia", afirma Krause. "É possível melhorar a integração, mas duvido que isso venha a resolver o problema do terror. Ainda não encontrei ninguém capaz de me dizer quais são as raízes do terrorismo", opina o professor de Kiel.

Guerra: "método radical, mas eficiente"

Para Christoph Daase, professor de Política Internacional da Universidade de Munique, o melhor caminho seria desenvolver múltiplas estratégias contra o terrorismo internacional: "Investigação policial preventiva é bastante importante, mas as autoridades não deveriam confiar nisso como método único".

Para Daase, a guerra no Afeganistão no final de 2001 foi um método radical, mas eficiente, de combate ao terrorismo. Além disso, Daase favorece operações militares específicas contra países ou grupos, cooperações policiais internacionais e ajuda ao desenvolvimento.

"Os EUA começaram a repensar"

World Trade Center
11/09/2001: atentado contra o World Trade Center, em Nova YorkFoto: AP

A mistura é decisiva, avalia Daase. Após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, a prioridade passou a ser o combate armado ao terrorismo, algo praticado sobretudo por Washington. "Os europeus conseguiram criar um contraponto, dispondo-se a assumir maior influência por vias diplomáticas e a recorrer à política de desenvolvimento, por exemplo. Os EUA começaram a repensar".

Êxitos visíveis e invisíveis

O problema da diversificação das estratégias, no entanto, é que elas surtem efeito em ritmos diferentes. Por outro lado, a prisão de suspeitos de terrorismo é um êxito visível. "Esforços diplomáticos de médio prazo são difíceis de medir e documentar", comenta Daase, da Universidade de Munique.

A estratégia de terror correta pode ser controversa entre os especialistas alemães, mas em um ponto eles concordam: que será impossível evitar futuras tentativas de atentado.