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A influência da religião

17 de outubro de 2007

Relatório divulgado pelo governo alemão mostra que o meio em que os imigrantes vivem tem maior influência na formação da sua identidade do que as origens e a religião.

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Religião fica abaixo de outros fatores sociais quando o assunto é integraçãoFoto: dpa

Após obter avaliação apenas mediana para a sua política de integração de estrangeiros, autoridades alemãs apresentaram, na última terça-feira (16/10), um estudo inédito sobre o meio social de imigrantes na Alemanha para ajudar a melhorar a situação.

O estudo é o primeiro do gênero no mundo, pois enfoca o atual ambiente social dos imigrantes em vez de suas origens, disse o vice-ministro alemão da Família, Gerd Hoofe, que apresentou o relatório.

Embora fatores como etnicidade, religião e histórico de migração desempenhem um papel importante no dia-a-dia dos imigrantes, os seus atuais ambientes sociais são muito mais importantes para a formação da sua identidade, afirma o estudo.

O relatório é baseado em 104 entrevistas e distinguiu oito ambientes sociais de imigrantes, indo de "religiosamente enraizado" – pessoas baseadas em valores morais rigorosos e conservadores – até o meio "intelectual cosmopolita" – com atitudes tolerantes e mais liberais.

Mesmo que Hoofe tenha dito que resultados detalhados do estudo não ficarão prontos até o próximo verão europeu, ele acrescentou que o relatório "acaba com clichês negativos sobre os imigrantes que moram neste país".

"Os imigrantes estão dispostos a se integrar, mas eles também não querem esquecer suas raízes", declarou Hoofe, acrescentando que nível de educação e urbanidade também são fatores determinantes. Para o psicólogo Bodo Flaig, que participou do estudo, o relatório comprova que a vida dos imigrantes não é determinada pela religião.

Merkel: Descaso com crianças imigrantes nas escolas

Também nesta semana, a chanceler federal Angela Merkel disse que a Alemanha deve tomar medidas para tornar o sucesso educacional menos dependente do contexto social.

"Não podemos negligenciar um único talento," enfatizou a chanceler durante uma conferência sobre integração e educação em Berlim, ao declarar que as crianças de famílias imigrantes foram particularmente desfavorecidas na Alemanha.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o sistema escolar alemão aparece em último lugar no ranking das 17 nações industrializadas quando se trata de apoio a crianças imigrantes.

Poucas políticas de integração da Alemanha

Na Europa, a Alemanha aparece no grupo intermediário no que diz respeito à integração de trabalhadores estrangeiros, de acordo com um estudo divulgado na segunda-feira (15/10). Ela ficou no 14º lugar entre os 28 países estudados para o MPIEX, um índice que mede as políticas de integração de imigrantes.

Ausländer in Kreuzberg
Os pequenos imigrantes não têm tantas oportunidades quanto os nascidos na AlemanhaFoto: dpa

A Suécia foi considerada o país que melhor ajuda os imigrantes a se sentirem bem-vindos, enquanto a Letônia ficou com a pior posição.

Os 25 países da União Européia (UE) incluídos no estudo (apenas a Bulgária e a Romênia ficaram de fora) tiveram uma pontuação média de 53%.

O estudo constatou que, em geral, os países da UE são bons em ajudar os imigrantes a se tornar moradores de longo prazo, mas não criam facilidades para quem quer se tornar um cidadão com plenos direitos.

Os autores do estudo disseram que não pretendem desmascarar e constranger ninguém, ao contrário, querem com isso estimular os governos nacionais a usarem suas conclusões como instrumentos para guiar futuras políticas de integração.

A Europa tem estimadamente 20 milhões de imigrantes legais. Na Alemanha, há mais de 15 milhões de pessoas com um histórico de migração, ou 19% da população. (ak)