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Estudo do Clube de Roma prevê graves problemas ambientais para 2052

8 de maio de 2012

Estiagens, enchentes e mudanças extremas de temperatura aumentarão nas próximas quatro décadas. Estudo prevê que nível do mar deverá subir meio metro e gelo do Ártico deve desaparecer no verão.

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Foto: picture alliance/dpa

As mudanças climáticas se intensificarão na segunda metade do século, o que provocará muito sofrimento no planeta. Esta é a conclusão dos pesquisadores que fizeram o relatório "2052: Uma previsão global para os próximos 40 anos". O estudo realizado para o Clube de Roma foi apresentado nesta terça-feira (08/05) em Roterdã.

"A humanidade exauriu os recursos da Terra e nós vamos vivenciar colapsos locais em alguns casos, mesmo antes de 2052", afirmou o coordenador do estudo, o norueguês Jorgen Randers. "Todos os anos, produzimos duas vezes mais gases de efeito estufa do que aquilo que florestas e mares conseguem absorver", advertiu.

As regiões com maior risco de secas são as áreas centrais dos Estados Unidos, o leste Europeu, o norte da África e a Amazônia. "O nível do mar deverá subir meio metro, o gelo do Ártico deve desaparecer no verão e as novas condições do clima atingirão a agricultura e o turismo", disse Randers. Furacões mais intensos e o aumento de doenças transmitidas por água contaminada também fazem parte das previsões.

Ápice do gás estufa em 2030

A emissão de gases estufa deve atingir seu ápice em 2030 – muito tarde para limitar o aumento da temperatura terrestre em até 2ºC, algo ainda considerado aceitável. Especialistas prevêem que até 2080 a temperatura global suba 2,8 graus centígrados, o que poderá desencadear graves problemas climáticos.

O secretário-geral do Clube de Roma, Ian Johnson, alerta que os ganhos econômicos não mais justificam os danos causados ao meio ambiente. "Continuar fazendo 'business as usual' não é a opção correta se quisermos que nossos netos vivam em um planeta sustentável e justo".

Randers: nível do mar deve subir meio metro e o gelo do Ártico desaparecerá no verão
Randers: nível do mar deve subir meio metro e o gelo do Ártico desaparecerá no verãoFoto: picture-alliance/dpa

EUA para trás

O estudo de 374 páginas afirma que os Estados Unidos irão lentamente "deslizar para um papel secundário" no cenário global. Isso se deveria em grande parte ao fato de seus governantes parecerem incapazes de ser proativos em questões de longo prazo. Os norte-americanos devem ser substituídos pela China no papel de principal força motriz do planeta, prevê.

O texto afirma que o "autoritário" governo chinês pode tomar decisões sem ser eventualmente impedido por um processo democrático.Assim, as diferenças nos sistemas políticos dos dois países "ajudará a China a se movimentar mais rapidamente".

Randers, porém, não prevê conflitos bélicos entre chineses e norte-americanos, já que historicamente a China se interessaria apenas com o próprio abastecimento.

Mais de 8 bilhões no planeta

O estudo também conclui que em 2052 a população da Terra deve se estabilizar: após atingir um pico de 8,1 bilhões em 2040 ela deve começar a cair, já que, com a urbanização, as pessoas tenderiam a ter menos filhos. A população de pobres no planeta em 2052 seria de 3 bilhões de pessoas.

Na maioria dos países, a expectativa de vida deve ultrapassar os 75 anos de idade, graças especialmente a melhores sistemas públicos de saúde.

O relatório prevê ainda um freio no crescimento do PIB mundial por causa da redução das forças de trabalho e de um menor crescimento da produtividade. Ainda assim, a economia mundial deve duplicar em volume até 2050.

Após a apresentação de suas previsões, Randers deixou uma sugestão: mude-se para um lugar com menor exposição a variações climáticas, como a Europa Central, procure um emprego na área de energia eficiente e incentive seus filhos a aprender mandarim.

O relatório do Clube de Roma é apresentado 40 anos após o primeiro boletim, intitulado "Os limites do crescimento", com o qual o grupo ganhou notoriedade. Já em 1972, os pesquisadores alertavam sobre os limites do crescimento e sobre os efeitos da poluição sobre o meio ambiente.

Fundado em 1968, o Clube de Roma é composto por mais de 100 pessoas ilustres de 30 países, que se reúnem para debater assuntos relacionados a política, economia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Entre seus membros, estão o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, o empresário norte-americano George Mitchell, a rainha Beatriz da Holanda e o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

MSB/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer