Estudo prevê retrocesso do crescimento populacional até 2100
15 de julho de 2020A população mundial crescerá dos atuais 7,8 bilhões até um pico de 9,7 bilhões por volta do ano 2064, antes de cair para 8,8 bilhões em 2100. O estudo do Instituto de Medição e Avaliação de Saúde (IHME), da Universidade de Washington, publicado nesta quarta-feira (15/07), fica, assim, 2 bilhões abaixo das previsões da Organização das Nações Unidas para o fim do século.
Segundo os pesquisadores, excluído o afluxo de imigrantes, 183 das 195 nações estarão, até 2100, abaixo do limite de natalidade necessário a manter seus níveis demográficos. As populações de 23 países serão a metade das atuais, enquanto outros apresentarão uma queda entre 25% e 50%.
Em 2019, a ONU previra que a população mundial chegaria a 10,9 bilhões até o ano 2100. Embora a organização reconhecesse que em diversos países as taxas de natalidade estão caindo e as populações envelhecem, o novo estudo, publicado pela revista médica britânica The Lancet, ressalva que o modelo das Nações Unidas "não admitia quadros alternativos, determinados por políticas oficiais ou outros motores de fertilidade e mortalidade".
Segundo os autores, uma vez que a população comece a cair, esse declínio "provavelmente continuará, inexoravelmente", e se deve contar com uma mudança do equilíbrio global decorrente da queda dos níveis de fertilidade e do envelhecimento populacional.
Entre as nações cuja população deverá se reduzir pelo menos à metade nos próximos 80 anos, estão Coreia do Sul, Espanha, Itália, Japão, Polônia, Portugal e Tailândia. A China cairá de 1,4 bilhão para 730 milhões de habitantes, segundo as previsões, deixando de ser o país mais populoso do mundo e se tornando o terceiro.
Já o Brasil deverá perder quase 50 milhões de habitantes, em comparação com os números de hoje. De acordo com o estudo, a população brasileira cresceria dos atuais 211,78 milhões (segundo o IBGE) para 235,49 milhões em 2043, quando passaria a cair até chegar a 164,75 milhões em 2100.
Enquanto isso, a população da África Subsaariana deverá triplicar até cerca de 3 bilhões, sendo 800 milhões apenas na Nigéria, que se tornaria o segundo país mais populoso do mundo, atrás da Índia e à frente da China.
"Essas previsões sugerem boas novas para o meio ambiente, com menos pressão sobre os sistemas de produção de alimentos e emissões de carbono mais baixas, assim como uma significativa oportunidade econômica para partes da África Subsaariana", comentou à agência de notícias AFP Christopher Murray, chefe da equipe internacional de pesquisadores e diretor do IHME.
"No entanto, a maioria dos países não africanos verá um declínio da mão de obra disponível e uma inversão da pirâmide populacional, com consequências profundamente negativas para a economia."
O estudo conclui que as melhores soluções para manter os níveis populacionais e o crescimento econômico em nações de alta renda incluem políticas de imigração flexíveis e apoio social às famílias que desejem filhos.
Por outro lado "diante do declínio populacional, há um perigo muito real de alguns países considerarem políticas que restrinjam o acesso a serviços de saúde ligados à reprodução, com consequências potencialmente devastadoras", adverte Murray.
AV/afp/dpa
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