ETA anuncia dissolução completa
2 de maio de 2018O grupo separatista basco ETA anunciou a "dissolução completa de todas as suas estruturas", numa carta enviada a instituições bascas e grupos da sociedade civil. No documento, datado de 16 de abril, mas que só foi divulgado nesta quarta-feira (02/05) no portal espanhol eldiario.es, o ETA afirmou que reconhece ter fracassado em sua tentativa de solucionar o "conflito político" no País Basco.
O ETA, cujas iniciais significam Euskadi ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade), matou mais de 850 pessoas durante sua campanha armada pela criação de um Estado basco independente no norte da Espanha e no sul da França. A decisão de dissolver completamente o grupo, segundo trecho da carta do ETA, "não supera o conflito que o País Basco mantém com a Espanha e com a França".
"O País Basco está agora diante de uma nova oportunidade para finalmente fechar o conflito e construir um futuro coletivo", disse a organização. "Não vamos repetir os erros, não vamos permitir que os problemas apodreçam." Não ficou claro por que a carta tinha sido datada duas semanas antes.
Em resposta ao comunicado, o ministro do Interior da Espanha, Juan Ignacio Zoido, prometeu continuar com a investigação dos crimes não resolvidos atribuídos ao ETA. Zoido afirmou que a polícia "continuará perseguindo os terroristas, onde quer que estejam".
"O ETA não obteve nada quando prometeu parar de matar e não obterá nada com o anúncio daquilo que chamam de dissolução", disse o ministro do Interior a repórteres.
Em 18 de abril, foi revelada a intenção de dissolução do grupo, que colocava como data para o anúncio oficial o primeiro fim de semana de maio, depois que em outubro de 2011 foi anunciada a cessação definitiva de suas ações violentas.
Dois dias depois, num comunicado divulgado pelos jornais espanhóis Gara e Berria, o ETA reconheceu os "danos causados", pelo qual pediu "sinceras desculpas". A organização admitiu ter "responsabilidade direta" no "sofrimento excessivo" de décadas da sociedade basca, com "mortos, feridos, torturados, sequestrados ou forçados a fugir para o exterior", algo que nunca deveria ter "acontecido durante tanto tempo".
O ato oficial de dissolução está previsto para 4 de maio na cidade de Cambo-les-Bains e concluirá com a leitura de uma declaração a cargo de "representantes da comunidade internacional".
Fundado entre 1958 e 1959, em meio à ditadura do general Francisco Franco, como uma organização socialista revolucionária de libertação nacional. O grupo se tornou mais sangrento quando a Espanha passou da ditadura para a democracia no início dos anos 1980 e tinha como alvo não somente membros das forças militares e policiais, mas também políticos, empresários, civis e alguns militantes arrependidos que queriam deixar o ETA.
PV/efe/lusa/ap
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