"Eu estava cego", diz alemão que se juntou ao EI
11 de agosto de 2015"Eu esperava que tudo fosse ser lindo. Risadas, churrasco, mulheres, carros", disse o jovem de origem alemã e tunisiana Ebrahim H. B. diante do tribunal em Celle, no norte da Alemanha, nesta segunda-feira (10/08). Mas quando chegou ao campo de acolhimento do "Estado Islâmico" (EI) na Síria e as portas se fecharam atrás dele, ele percebeu que a realidade era diferente.
"Nesse momento, ficou claro para mim que eu estava com grandes problemas." Mas era tarde demais. O jovem de 26 anos viajou de Wolfsburg, na Alemanha, à Turquia e, de lá, à Síria, onde se juntou ao EI e ficou diante da decisão: lutar ou perpetrar um ataque suicida?
"Até hoje não acredito que estou sentado neste banco dos réus. Estou muito feliz por estar aqui e poder conversar com vocês", disse Ebrahim H. B. Atrás de um vidro no tribunal, ele estava sentado ao lado do amigo e também réu Ayoub B., de 27 anos. Os dois respondem à acusação de filiação a uma organização terrorista internacional. Além disso, Ebrahim H. B. se candidatou a perpetrar um ataque suicida, confessa, dizendo que foi apenas uma desculpa para fugir do extremistas.
O jovem diz que estava simplesmente no lugar errado, na hora errada. Apenas "duas a três semanas" teriam transcorrido entre o primeiro encontro numa mesquita e a viagem à Síria. "Eu só queria ir embora." O motivo seria o cancelamento do seu casamento. "Nunca fui muito religioso. Até hoje não sei rezar direito e também nunca tive nada a ver com salafistas e terroristas."
Após o choque sobre o casamento, seu grande sonho, Ebrahim H. B. encontrou consolo entre os amigos da mesquita. Os homens que o encontravam regularmente no templo são hoje conhecidos como a "célula de Wolfsburg" – um grupo de cerca de 20 muçulmanos que viajaram à Síria em 2013 e 2014, para se juntar ao EI.
Resposta para todas as perguntas
Os homens foram atraídos pelo pregador Yassin O. Na mesquita, "ele dava a impressão de ter resposta para todas as perguntas. Todos o respeitavam", contou Ebrahim H. B., que decidiu seguir os passos de seus amigos rumo à Síria.
O pregador lhe dissera que ele poderia se casar com quatro mulheres no novo país, onde receberia uma identidade com a qual poderia abastecer seu carro de graça. "Confesso que eu estava cego", afirmou o jovem. Ele se arrepende de cada passo que deu em direção ao EI, disse no tribunal.
Há contradições entre seu relato desta segunda-feira e uma entrevista dada a uma emissora de TV anteriormente, para as quais ele usa como justificativa seu medo e estado psicológico durante os dois meses e meio que passou junto aos extremistas. Desde que voltou à Alemanha, ele passou por mais de cem horas de aconselhamento psicológico e vive em estado de pânico constante, disse.
Ebrehim H.B. e o amigo podem ser condenados a até dez anos de prisão. Além de filiação a organização terrorista, Ayoub B. é acusado de preparar um grave ato de violência contra o Estado. O jovem de 27 anos contestou a acusação na semana passada, afirmando que apenas estudou o Alcorão e queria praticar "ajuda humanitária".