Síria
8 de dezembro de 2011A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, reuniu-se na quarta-feira (7/12) por duas horas com sete representantes do Conselho Nacional Sírio, que congrega representantes da oposição no exterior. Na era pós-Assad, afirmou Clinton, é preciso proteger no país os direitos das minorias e das mulheres.
O Conselho Nacional apresentou em novembro último um programa de governo, previsto para vigorar durante o período de transição no país, que deverá suceder ao atual governo. "Uma mudança democrática tem um significado que vai além da queda de Assad", declarou Clinton.
Acusações à Turquia
O governo sírio acusou a Turquia de "terrorismo", apontando que ataques ao país teriam sido feitos a partir do território turco. Ancara reagiu às acusações, dizendo que a Turquia não permitiria que grupos armados no país atacassem uma nação vizinha.
Damasco afirma que na noite da última segunda-feira (5/12), forças de segurança teriam impedido que uma "milícia terrorista" entrasse no país na província Idlib, na fronteira com a Turquia.
Assad nega mandar matar
Bashar el Assad revidou, em entrevista transmitida pela emissora norte-americana ABC nesta quarta-feira (97/12), as acusações de ter ordenado a morte de manifestantes nos últimos meses. "Nenhum governo do mundo mata seu próprio povo, exceto se for conduzido por um louco", disse o presidente. Ele prometeu renunciar, caso perceba que o apoio do povo a seu governo está diminuindo.
Assad negou que forças de segurança tenham recebido comandos para matar manifestantes de maneira brutal. No entanto, ele admitiu que houve violência no país. "Cada reação de brutalidade é individual e não de uma instituição", afirmou o presidente. Segundo ele, há uma diferença entre uma política de linha-dura e erros cometidos individualmente por representantes do Estado. Assad concluiu dizendo que "fez o que pôde" para proteger a população do país.
Autoridade da ONU
A entrevistadora da ABC lembrou o presidente da morte de um garoto de 13 anos, em abril último. "Para ser sincero, você não vive aqui", desconversou Assad frente à pergunta. Ativistas dos direitos humanos afirmam que mais de 4 mil civis já foram mortos na Síria desde o início da violência no país, em meados de março último.
Assad chegou a questionar a legitimidade da autoridade das Nações Unidas, ao perguntar "quem disse que a ONU é uma instituição confiável?". Em sua opinião, a maioria das pessoas mortas nos conflitos é de defensores do governo "e não o contrário". Assad falou em 1100 soldados e policiais mortos no país.
"Perda do senso de realidade"
O governo norte-americano acusou o presidente sírio de "perda do senso de realidade". O porta-voz da Secretaria de Estado, Mark Toner, afirmou que Assad "ou perdeu qualquer poder ou se desligou completamente da realidade". Toner acentuou ainda que o presidente pode "estar louco, como ele próprio diz", em referência às próprias palavras de Assad na entrevista.
SV/dpa/afp/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer