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EUA cobram apoio para fomentar amizade

ef24 de outubro de 2002

Alemanha e EUA estão a caminho da reconciliação, mas isso ainda depende do apoio alemão à política contra o Iraque, ajuda para a Turquia ingressar na UE e também para criação de uma tropa de reação rápida da OTAN.

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George W. Bush discursa no Parlamento alemão, nos tempos de boa amizadeFoto: AP

Os dois lados do Atlântico desmentiram a existência de uma lista de exigências dos Estados Unidos, mas representantes do governo americano confirmaram que os três pontos correspondem inteiramente às expectativas do governo do presidente George W. Bush. Berlim confirmou, ao mesmo tempo, as primeiras visitas de ministros alemães aos EUA depois da crise que o chanceler federal Gerhard Schröder gerou com o seu anúncio, em campanha eleitoral, de rejeição total a uma intervenção militar para desarmar o Iraque.

O governo americano deseja também mais ajuda prática no combate ao terrorismo. O ministro do Interior, Otto Schily, já voará nesta sexta-feira (25) a Washington para discutir a questão com os dirigentes do serviço secreto CIA e da polícia federal FBI. O titular das Relações Exteriores, Joschka Fischer, seguirá na quarta-feira (30), para conversar com o seu colega americano Colin Powell sobre as expectativas da Casa Branca na política alemã sobre o Iraque, a Turquia e a tropa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Arsenal de indelicadezas -

Como gesto de boa vontade, o ministro da Defesa, Peter Struck, já prometeu deixar no Kuweit os 52 soldados e seis tanques alemães de detecção de armas atômicas e biológicas, que havia ameaçado retirar no caso de uma ação militar contra o vizinho Iraque.

A promessa foi feita depois que o governo americano usou todo um arsenal de indelicadezas diplomáticas para mostrar sua indignação com a resistência alemã à sua política de agressão contra o Iraque. Struck foi ignorado pelo seu colega americano, Donald Rumsfeld, na última reunião da OTAN, em Varsóvia. Bush ignorou uma tradição diplomática e não parabenizou o chanceler federal alemão, Gerard Schröder, por sua vitória eleitoral de 22 de setembro.

Tropa européia -

O apoio que os americanos desejam da Alemanha para uma guerra não seria material mas político. Eles temem que a rejeição alemã possa contaminar a União Européia e a OTAN. E isso a Casa Branca quer saber exatamente antes de cúpula da aliança militar em Praga, em novembro. Bush quer maior apoio logístico na luta antiterror como, por exemplo, uma tropa de 500 especialistas financiada e armada pelos aliados.

Os europeus, sobretudo a Alemanha, estão se mostrando muito vacilantes. Até porque têm outros planos. O principal e mais antigo é a criação de uma tropa de reação rápida da União Européia, com até 60 mil soldados, para prevenir e combater conflitos internacionais, como os da antiga Iugoslávia (Bósnia e Kosovo) e do Afeganistão.

Os americanos vêem uma tropa comum européia com desconfiança, por vários motivos: ela concorreria com a planejada tropa antiterror da OTAN, os europeus seriam vacilantes no desenvolvimento de sua capacidade militar e principalmente os alemães diminuíram seus gastos militares.

Seria especialmente crítica a capacidade de transporte das Forças Armadas Alemãs. O transporte militar tem grande importância na luta antiterror. Ainda assim, a participação alemã na coalizão internacional contra o terrorismo, formada depois de 11 de setembro, só é menor que a dos EUA.

Integração da Turquia -

Fictícia ou não, a lista de exigências dos EUA apareceu no momento oportuno: a cúpula da UE nesta quinta e sexta-feiras, em Luxemburgo, para tratar da ampliação da comunidade. Há anos que Washington pressiona para a Turquia ser convidada a negociar seu ingresso na UE, dada a importância geoestratégica do país vizinho do Iraque, Irã, Armênia e Geórgia. Como membro da OTAN, a Turquia serve de ponte militar para esses países islâmicos e o Oriente Médio.

As bases turcas são indispensáveis para as operações militares dos EUA na região. Foi sempre a partir delas que aviões americanos bombardearam o Iraque durante a Guerra do Golfo e depois, nas regiões de exclusão de vôos iraquianos. Além disso, o islamismo vem crescendo nos últimos anos em solo turco e os EUA tencionam reverter tal tendência com ligações econômicas e culturais estreitas entre a Turquia e a União Européia.

Os europeus vacilam, por causa das grandes diferenças sócio-culturais e históricas. Oficialmente, Bruxelas alega violações dos direitos humanos como obstáculo para uma integração da Turquia.