EUA e Coreia do Sul querem intensificar laços militares
21 de maio de 2022O presidente dos EUA, Joe Biden, e o novo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, sinalizaram neste sábado (21/05) que os dois países pretendem intensificar seus exercícios militares conjuntos, em resposta à "ameaça" da Coreia do Norte, ao mesmo tempo em que se ofereceram para ajudar o Pyongyang a enfrentar um surto de covid-19.
Depois de se encontrarem em Seul na primeira viagem de Biden à Ásia como presidente, os dois líderes disseram em comunicado que "considerando a ameaça em evolução representada pela" Coreia do Norte, eles "concordam em iniciar discussões para expandir o escopo e a escala de exercícios militares e treinamento conjuntos".
O possível reforço dos exercícios conjuntos seriam uma resposta aos crescentes sinais de agressividade da Coreia do Norte, com uma série de testes de armas realizados neste ano, desafiando as sanções ao país, à medida que crescem os temores de que Kim Jong-un irá ordenar um teste nuclear no momento da visita de Biden à Ásia.
A Coreia do Norte intensificou seus testes de mísseis em 2022, realizando cerca de 16 testes neste ano, após 14 meses de silêncio durante o início do governo de Biden.
Encontro com Kim depende de "sinceridade"
Biden enfatizou o compromisso de seu país em defender a Coreia do Sul com armas nucleares, se necessário. Ele também expressou disposição para se encontrar com o líder norte-coreano, mas apenas se Kim Jong-un demonstrar interesse sincero em conversas sérias.
“Com relação a se eu me encontraria com o líder da Coreia do Norte, isso dependeria se ele for sincero e sério”, disse Biden a repórteres.
Até agora, a Coreia do Norte rejeitou os pedidos do governo Biden de negociações sem pré-condições. Em fevereiro, um funcionário do governo descartou uma reunião entre Kim e Biden na época, dizendo que precisaria ter um propósito claro.
Oferta de ajuda contra covid-19
Biden e Yoon afirmaram que eles também estenderam uma oferta de ajuda a Pyongyang, que anunciou recentemente enfrentar um surto de covid-19.
Em comunicado conjunto, EUA e Coreia do Sul disseram que os dois presidentes "expressam preocupação com o recente surto de covid-19" e "estão dispostos a trabalhar com a comunidade internacional para fornecer a assistência" à Coreia do Norte para ajudar o país a combater o vírus.
Neste sábado, a mídia estatal norte-coreana informou que quase 2,5 milhões de pessoas estão doentes, com "febre", e disse que chegam a 66 as mortes pela doença, enquanto o país "intensificou" sua campanha antiepidêmica.
"Oferecemos vacinas, não apenas para a Coreia do Norte, mas também para a China e estamos preparados para fazer isso imediatamente", disse Biden em entrevista coletiva com Yoon, ressaltando, entretanto, que não obteve resposta à oferta americana.
Por sua parte, Yoon enfatizou que a oferta de ajuda contra a covid-19 está de acordo com "princípios humanitários, separados de questões políticas e militares".
Eleito com uma mensagem fortemente pró-EUA, Yoon enfatizou a necessidade de reforçar as defesas da Coreia do Sul. De acordo com Yoon, ele e Biden discutiram "se precisaríamos criar vários tipos de exercícios conjuntos para nos preparar para um ataque nuclear".
As negociações também estão em andamento sobre maneiras de "coordenar com os EUA a implantação oportuna de ativos estratégicos quando necessário", disse ele, reafirmando o compromisso de ambos dos países com a "desnuclearização completa" da Coreia do Norte.
Os ativos estratégicos devem incluir, segundo Yoon, "jatos de combate e mísseis, em um afastamento do passado, quando pensávamos apenas no guarda-chuva nuclear para dissuasão".
Os exercícios conjuntos de EUA e Coreia do Sul podem irritar ainda mais Pyongyang, que muitas vezes os descreveu como "ensaios de invasão".
Japão é próxima etapa
A Coreia do Sul é a primeira etapa da turnê asiática de Biden, que também deve levá-lo ao Japão.
Biden deve apresentar nesta segunda-feira o novo Quadro Econômico Indo-Pacífico para a Prosperidade, uma iniciativa dos EUA para o comércio regional. O projeto se destina a estabelecer padrões para mão de obra, cadeias de suprimentos e meio ambiente.
No entanto, sua turnê é vista como uma mensagem subliminar de enfrentamento à China, apesar das tentativas dos funcionários da Casa Branca de minimizar a questão.
Uma autoridade dos EUA falando a repórteres sob condição de anonimato disse que a turnê de Biden é para "demonstrar unidade e determinação e fortalecer a coordenação entre nossos aliados mais próximos". Ele acrescentou que Biden também está focado em estabelecer um "forte relacionamento pessoal" com Yoon, cuja presidência começou há menos de duas semanas.
Antes da chegada de Biden, Seul se preocupava que Washington pudesse estar voltando à sua política de "paciência estratégica" em relação à Coreia do Norte, que foi adotada pelo governo do ex-presidente Barack Obama e consistia em ignorar Pyongyang até que o regime norte-coreano mostre verdadeiras intenções de desnuclearização.
No entanto, muitos acreditavam que a abordagem permitiu que a Coreia do Norte avançasse ainda mais com seu arsenal nuclear.
md (AFP, AP, Reuters)