EUA e Rússia decidem estender cessar-fogo na Síria
15 de setembro de 2016Os Estados Unidos e a Rússia decidiram nesta quarta-feira (14/09) prolongar por mais 48 horas o cessar-fogo em vigor na Síria desde a última segunda-feira, apesar de acusações mútuas de violações à trégua, comunicou o Departamento de Estado americano.
Segundo o porta-voz Mark Toner, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, conversou por telefone com o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, e ambos decidiram "estender a cessação das hostilidades por outras 48 horas, com a intenção que ela dure sete dias", afirmou Toner.
Kerry e Lavrov concordaram que, "apesar de relatos de violência esporádica, o cessar-fogo como um todo está sendo mantido, e a violência é significativamente inferior" quando comparada com dias e semanas anteriores, acrescentou o porta-voz do Departamento de Estado.
O general russo Viktor Poznikhir, em declarações divulgadas pela agência de notícias estatal russa Tass, acusou as forças opositoras sírias de terem violado o cessar-fogo por cerca de 60 vezes nos últimos dois dias. Toner, em resposta, afirmou que "as violações vieram de ambas as partes".
De todo modo, a organização não governamental Observatório Sírio para os Direitos Humanos confirmou nesta quarta-feira que não recebeu qualquer relato de civis ou combatentes mortos em confrontos em toda a área abrangida pelo acordo nessas primeiras 48 horas de trégua.
O acordo de cessar-fogo na Síria entrou em vigor às 19h no horário local (13h em Brasília) de segunda-feira, com previsão para durar sete dias. A trégua é a segunda acordada neste ano entre Moscou e Washington e tenta pôr fim aos cinco anos de guerra civil no país do Oriente Médio. Ela teve início em meio a um amplo ceticismo sobre o seu sucesso, já que a tentativa anterior fracassou.
A Rússia, que apoia o regime sírio, e os Estados Unidos, aliados de grupos rebeldes moderados, esperam que o cessar-fogo possa criar as bases para se reiniciar negociações de paz, bem como contribuir para o combate de grupos extremistas, como o "Estado Islâmico" (EI). Também se espera que a trégua permita a chegada de ajuda humanitária a regiões sitiadas do país.
Ajuda humanitária
Nesta quarta-feira, o Departamento de Estado reconheceu que ainda não houve avanços em relação ao acesso da ajuda humanitária em Aleppo e outras regiões em estado crítico na Síria. Toner reforçou que é necessário que haja um aumento notável nessas entregas ao longo da primeira semana de trégua.
Sem essa condição, Washington não estará disposto a estabelecer, após os primeiros sete dias, um centro conjunto de operações com a Rússia para atacar posições dos grupos terroristas "Estado Islâmico" e Frente Fateh al-Sham (Frente para a Conquista do Levante), excluídos do acordo.
Apesar do cessar-fogo, os comboios das Nações Unidas não conseguiram chegar a Aleppo, alegando falta de segurança. Nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, clamou às duas potências que utilizem sua influência para garantir a chegada de ajuda à cidade sitiada.
EK/dpa/rtr/efe/lusa