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EUA impõem sanções à Rússia no caso Navalny

2 de março de 2021

Medida atinge autoridades e entidades russas envolvidas no envenenamento do opositor. São as primeiras sanções impostas a Moscou pelo novo presidente americano, Joe Biden.

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Alexei Navalny durante julgamento em Moscou
Depois de passar por tratamento na Alemanha, Navalny foi preso e condenado em MoscouFoto: Press Service of Babushkinsky District Court of Moscow/REUTERS

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (02/03) sanções contra a Rússia pelo envenenamento e prisão do líder oposicionista Alexei Navalny. A medida atinge autoridades e entidades russas que estariam envolvidas no ataque.

A Casa Branca afirmou que possui relatórios que confirmam "com grande confiança" que Navalny foi envenenado por agentes do serviço de inteligência russo FSB (que sucedeu a KGB) com o agente químico Novichok.

As sanções atingem sete autoridades russas, que tiveram seus bens em território americano congelados, além de 14 entidades, entre empresas e institutos de pesquisa, que estariam envolvidas na produção de agentes químicos e biológicos.

O anúncio marca uma mudança na política do governo americano em relação à Rússia. A administração do ex-presidente Donald Trump sempre evitou confrontar o presidente russo, Vladimir Putin. Essas são as primeiras sanções impostas a Moscou pelo novo presidente Joe Biden, que assumiu o poder em 20 de janeiro.

Em telefonema com jornalistas, autoridades americanas observaram que a medida ressalta a mudança de tom em Washington. "Já estamos enviando um sinal claro à Rússia de que há consequências para o uso de armas químicas", disse um desses altos funcionários, que pediu anonimato.

No final de janeiro, Biden teve uma conversa telefônica com Putin, na qual discutiu a extensão do acordo de desarmamento nuclear New START e pediu a libertação de Navalny, segundo a Casa Branca.

O envenenamento

Em agosto de 2020, Navalny, de 44 anos, foi transportado de avião em coma para tratamento médico em Berlim, após sobreviver a uma tentativa de assassinato com o agente nervoso Novichok na Sibéria.

Moscou vem rechaçando todas as imputações de ter envenenado o ativista anticorrupção, embora cientistas da Alemanha, Suécia e França tenham atestado nele vestígios de Novichok – diagnóstico confirmado por testes da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).

Além disso, alegando pertencer ao serviço de inteligência russo FSB, o próprio Navalny gravou um telefonema com um agente que admitiu ter participado do atentado com a substância tóxica procedente da era soviética. Moscou alega que a gravação é falsa.

Em janeiro, o ativista foi detido no Aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, ao retornar ao país após cinco meses se recuperando na Alemanha da tentativa de envenenamento.

No começo de fevereiro, um tribunal da Rússia sentenciou Navalny a três anos e meio de prisão. A Justiça alegou que o ativista violou as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente para as autoridades penitenciárias.

A sentença original envolve um suposto caso de fraude, num processo que foi considerado politicamente motivado e declarado ilícito pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A nova prisão de Navalny foi o estopim para novos protestos contra o Kremlin. Milhares de pessoas saíram às ruas em dezenas de cidades para exigir a libertação do ativista e demonstrar insatisfação com o governo autoritário do presidente Putin. A reação das autoridades foi feroz, e mais de 10 mil pessoas foram detidas.

cn/ek (Reuters, Efe, Lusa)