EUA oferecem recompensa de US$ 15 milhões por Maduro
26 de março de 2020O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (26/03) que está oferecendo US$ 15 milhões (R$ 76 milhões) como recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro. O governo americano também estipulou valores para a prisão de outros ntegrantes do alto escalão chavista.
Por Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte – espécie de Parlamento paralelo criado pelos chavistas para esvaziar o Legislativo dominado por opositores – e braço direito do mandatário venezuelano, a recompensa é de US$ 10 milhões (R$ 50,7 milhões).
A medida ocorre no âmbito de um anúncio do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que apresentou acusações formais contra Maduro e outros 14 membros do regime chavista por narcoterrorismo, lavagem de dinheiro e corrupção. Entre os acusados estao o presidente do Tribunal Supremo de Justiça do país, Maikel Moreno, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, Maduro e seu círculo são conspiraram com rebeldes colombianos para "inundar os Estados Unidos com cocaína". Segundo a ação, Maduro liderou e ajudou a administrar uma organização de narcotráfico chamada Cartel de Los Sols.
"Estimamos que entre 200 e 250 toneladas de cocaína saiam da Venezuela por estas rotas. Essas 250 toneladas equivalem a 30 milhões de doses letais", acrescentou o departamento.
Os documentos apresentados pelo Departamento também apontam que Maduro negociou remessas de toneladas de cocaína produzidas pelo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ainda instruiu seu cartel a fornecer armas de nível militar ao grupo.
As acusações foram apresentadas um mês após o presidente Donald Trump ter chamado Maduro de "governante ilegítimo, um tirano que brutaliza seu povo" e ter prometido que "o domínio de Maduro pela tirania será esmagado e esfacelado"
O processo ficará a cargo de procuradores de Miami e de Nova York, que apresentarão acusações de casos concretos de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
A acusação a um chefe de Estado é pouco comum e deve aumentar as tensões entre Washington e Caracas num momento em que a pandemia covid-19 ameaça arruinar por completo o já frágil sistema de saúde da Venezuela. O país ainda enfrenta há anos graves problemas econômicos, que devem se agravar ainda mais por causa da queda do preço do petróleo, que atinge em cheio a principal fonte de receitas do regime. A Venezuela encerrou 2019 com uma inflação de 9.585,5%.
Pelo Twitter, Maduro condenou o anúncio do Departamento de Justiça americano e acusou EUA e Colômbia de emitirem ordens para "encher a Venezuela de violência". "Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância que surja", escreveu Maduro.
Nos últimos meses, os EUA também impuseram seguidas rodadas de sanções a Maduro e seus familiares e figuras do alto escalão chavista. Em agosto, os Estados Unidos ordenaram o congelamento de todos os ativos da Venezuela em solo americano. Também confiscou a subsidiária americana da petrolífera, Citgo, avaliada em 8 bilhões de dólares.
Os EUA têm sido claros que o objetivo de suas sanções é pressionar a deposição de Maduro. O governo Trump apoiou abertamente o líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó. Em janeiro do ano passado, o Parlamento do país proclamou Guaidó presidente. O opositor foi rapidamente reconhecido pelos Estados Unidos.
Desde então, dezenas de outros países, entre eles o Brasil, seguiram o exemplo, isolando ainda mais Maduro e seu círculo, que foram acusados de fraudar a eleição presidencial de 2018 por meio de intimidação e manipulação de resultados. No entanto, protestos convocados por Guaidó para apressar a derrubada de Maduro ainda não surtiram o efeito esperado e os chavistas continuam agarrados ao poder.
JPS/rt/efe/ap
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