Otan
2 de fevereiro de 2012O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, afirmou nesta quinta-feira (02/02) na reunião dos ministros da Defesa da Otan, em Bruxelas, que as tropas dos EUA deverão se retirar das operações de combate em meados de 2013 e passar a atuar exclusivamente em atividades de suporte e treinamento das forças afegãs na guerra contra o Talibã. No encontro, também foi confirmado que a Alemanha deverá sediar a central do sistema de defesa antimíssil da Otan na Europa.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, apressou-se em assegurar que o anúncio norte-americano não é parte de uma nova estratégia. Até meados de 2013, segundo Rasmussen, as forças afegãs deverão assumir a responsabilidade pela segurança em todas as províncias do país. O papel da Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF, na sigla em inglês) deverá ser de apoio e não mais combate.
Nada de novo, segundo Rasmussen
No final de 2014, todas as unidades da ISAF lideradas pela Otan deverão se retirar do Afeganistão. Apenas alguns poucos consultores e instrutores deverão permanecer no país. Rasmussen disse que esta abordagem está em acordo com as decisões tomadas pelos chefes de Estado e de governo da Otan em Lisboa em novembro de 2010. "Não há nada novo", assegurou Rasmussen.
Como exatamente e em quantas etapas a retirada de tropas deve ser executada não foi ainda determinado pela Otan. Com sua programação, o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, coloca agora na mesa diretrizes muito claras. Os outros países da Otan só poderão mesmo concordar com a medida, porque, afinal, as tropas dos EUA compõem cerca de 90% das unidades de combate no Afeganistão.
Os EUA têm estacionados cerca de 90 mil soldados no Afeganistão e querem ainda no meio deste ano iniciar a retirada de 22 mil soldados. Afinal, o presidente Barack Obama está em campanha e quer ter algum sucesso para mostrar ao eleitorado. O ministro da Defesa britânico, Philip Hammond, anunciou um cenário semelhante ao anunciado por seu colega norte-americano.
O Reino Unido tem 9,5 mil soldados no Afeganistão. Hammond disse que eles iriam se retirar de acordo com a situação de segurança e que, se necessário, pode-se intervir para que a retirada se dê em 2014.
Alemanha não antecipa retirada
A terceira maior força no país é a Alemanha, com 4,7 mil soldados no Afeganistão. O ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, afirmou, entretanto, que não antecipará a retirada dos soldados. "O mandato da ISAF vale até o fim de 2014. Nada mudou neste sentido", garantiu. No entanto, o Exército alemão, no decurso do ano de 2013, deverá "passar do assento de motorista para o assento do passageiro" e somente servir de apoio às forças de segurança afegãs.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou em Bruxelas que cerca de 40% de todas as forças de combate são hoje comandadas e são de responsabilidade do Exército afegão. Em 18 meses, esta cota subirá para 100%, segundo Rasmussen.
Paralelamente à retirada, a ISAF fornece treinamento para soldados e policiais afegãos. De acordo com informações do quartel-general da Otan em Bruxelas, o Exército afegão é atualmente composto por 176 mil soldados. A polícia conta com 143 mil integrantes, dos quais 3% são mulheres. No fim deste ano, as forças de segurança deverão crescer para 352 mil pessoas. "Estamos dentro do cronograma", garantiu um diplomata da Otan.
Berlim apoiará a escudo antimíssil da Otan
A Alemanha pretende dar suporte ao sistema de defesa antimíssil da Otan na Europa com seus próprios foguetes do tipo Patriot, segundo afirmou nesta quinta-feira o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, durante a reunião dos ministros de Defesa da Otan.
O escudo de mísseis para a Europa deverá oferecer proteção contra uma possível ameaça de mísseis com um alcance de até três mil quilômetros. Um porta-voz da base aérea da Otan em Ramstein confirmou uma decisão do centro de comando da aliança atlântica de operar a central do escudo antimísseis naquela base, no estado alemão de Renânia-Palatinado.
O projeto de um escudo antimísseis remonta a planos dos Estados Unidos, desenvolvidos originalmente no governo do presidente George W. Bush. Ele foi abandonado posteriormente, mas Washington continuou a ser a força motriz por trás do projeto. Na cúpula de Lisboa, em novembro de 2010, os países da Otan decidiram que um novo sistema antimísseis conjunto deveria proteger grande parte da Europa.
Mísseis Patriot alemães
"A Alemanha está disposta a disponibilizar os mísseis Patriot que se encontram no país como parte desse sistema de defesa", confirmou De Maizière. A Alemanha tem, conforme informações de fontes do governo, mais de 24 foguetes deste tipo com poder de alcance de menos de 100 quilômetros.
"Se trata de um sistema de mísseis baseado na Europa para defender contra ameaças do Oriente Médio, particularmente do Irã. Este é um projeto antigo", observou De Maizière. A Rússia se opõe ao sistema de defesa antimíssil. Moscou teme que sua capacidade de responder a um ataque nuclear seja enfraquecida pelo sistema.
"A Rússia está um pouco hesitante no momento", disse De Maizière, assegurando que o projeto não é contra a Rússia. "É melhor que a Rússia venha a aderir a este projeto de uma maneira que ainda será decidida."
As peças iniciais da defesa antimíssil da Otan deverão ser declaradas como operacionais na cúpula da Otan de maio, em Chicago. O projeto inteiro é agendado para ser concluído apenas em 2020.
MD/afp/dpa/dw
Revisão: Carlos Albuquerque