EUA reduzirão presença diplomática em Cuba
29 de setembro de 2017Em reação aos "ataques acústicos"em Cuba, os Estados Unidos ordenaram nesta sexta-feira (29/09) a retirada de metade dos funcionários diplomáticos da embaixada em Havana e alertaram americanos a não viajar ao país. Os EUA alegam que pelo menos 21 pessoas tiveram problemas de saúde decorrentes dos incidentes sonoros.
"Enquanto o governo cubano não garantir a segurança de nossos diplomatas em Cuba, nosso corpo diplomático será reduzido ao emergencial para minimizar o número de expostos ao risco de danos", disse o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, no comunicado que anunciou as medidas.
O anúncio é um golpe nos delicados laços entre Estados Unidos e Cuba, que reataram as relações diplomáticas em 2015, após meio século de animosidades. Atualmente, cerca de 50 americanos trabalham na embaixada em Havana. Com a redução, fica suspensa indefinidamente a emissão de vistos para cubanos no país.
Apesar das medidas, Tillerson destacou que os EUA manterão as relações diplomáticas com a ilha. "Nosso trabalho em Cuba continua sendo guiado pela segurança nacional e interesses da política externa dos Estados Unidos", disse. "Cuba afirmou que continua investigando os ataques e nós continuaremos cooperando com eles nesse esforço", acrescentou o secretário.
Além da ordem de redução de funcionários, os Estados Unidos emitiram um alerta de viagem a americanos que desejam visitar a ilha caribenha. O Departamento de Estado disse que alguns dos supostos ataques ocorreram em hotéis, e que turistas podem ser expostos a essa ameaça caso viagem à ilha.
"Dado que a segurança de nossos funcionários está em risco e por não termos identificado a fonte dos ataques, acreditamos que cidadãos americanos podem também estar em risco e lhes alertamos a não viajar à Cuba", destaca o comunicado.
O Departamento de Estado também decidiu limitar as viagens de seus funcionários a Cuba envolvidos na investigação sobre os supostos ataques.
Decisão precipitada
O governo cubano considerou a decisão dos Estados Unidos precipitada. "Para o esclarecimento total dos fatos será essencial ter e contar com a participação e o envolvimento efetivo das autoridades americanas", acrescentou a diretora para os EUA do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Josefina Vidal.
Segundo a diplomata cubana, os anúncios americanos vão prejudicar a relação bilateral, em especial a cooperação sobre temas de interesse mútuo e as trocas de diversa natureza que ocorrem entre os países. Vidal ressaltou, porém, a vontade do governo de Raúl Castro de continuar a cooperação ativa com os Estados Unidos.
"O governo cubano não tem responsabilidade alguma sobre os fatos que são alegados e cumpre séria e rigorosamente as suas obrigações com a Convenção de Viena no que diz respeito à proteção de diplomatas", reafirmou Vidal.
Incidente misterioso
Há cerca de um ano, alguns diplomatas começaram a apresentar problemas de saúde inexplicáveis. Depois de um período sem novos casos, eles voltaram a ser registrados em agosto. Washington afirmou que 16 membros da "comunidade da embaixada" haviam apresentado sintomas associados aos misteriosos ataques acústicos. Desde então, o Departamento de Estado elevou para 21 o número de pessoas afetadas.
De acordo com a Associação do Serviço Diplomático dos EUA, relatos médicos apontam que os 21 funcionários e membros de suas famílias sofreram consequências como lesões cerebrais traumáticas, perdas de audição e dificuldades de concentração.
Alguns dos atingidos relataram terem ouvido um ruído alto e ensurdecedor. Outros relataram vibrações ou ruídos que seriam audíveis em apenas algumas partes dos cômodos, o que levou os investigadores a suspeitarem de um potencial ataque acústico. Algumas pessoas não perceberam nada de estranho, mas, posteriormente, desenvolveram os sintomas.
Investigadores americanos ainda não sabem o que e quem estaria por trás dos incidentes. Os Estados Unidos não responsabilizam diretamente o governo cubano.
Já o governo cubano nega qualquer envolvimento ou responsabilidade pelo suposto ataque e se colocou à disposição para ajudar os americanos a esclarecer o caso.
Os governos dos dois países seguem investigando o caso. Os Estados Unidos não descartam a possibilidade de um "terceiro país" ser o responsável pelos supostos ataques sônicos contra os diplomatas.
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