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EUA: Rússia quer anexar territórios ucranianos em setembro

20 de julho de 2022

Departamento de Defesa americano acredita que governo russo está instalando funcionários ilegítimos e reavivando uma "cartilha de anexação" semelhante à da Crimeia, para se apoderar de mais terras do país vizinho.

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Um cartaz em russo com uma criança e as cores da bandeira russa pode ser observado nas ruas da cidade de Kherson, na Ucrânia.
Cartaz em russo na cidade de Kherson diz: "Rússia está aqui para sempre!"Foto: Sergei Bobylev/TASS/dpa/picture alliance

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que a Rússia está instalando funcionários pró-russos ilegítimos na Ucrânia a fim de começar processos de anexação de partes dos territórios ucranianos – principalmente de áreas já ocupadas por tropas russas ou por separatistas pró-Moscou, a exemplo do leste.

A afirmação foi feita pelo porta-voz do Departamento de Defesa americano, John Kirby, segundo quem as regiões visadas para anexação incluem as cidades de Kherson, Zaporíjia, Donetsk e Lugansk.

"A Rússia está lançando as bases para anexar o território ucraniano que sob seu controle, numa violação direta da soberania da Ucrânia", disse Kirby nesta terça-feira (19/07).

"A Rússia começou a lançar uma versão do que se poderia chamar uma cartilha de anexação muito semelhante ao que vimos em 2014", afirmou o porta-voz, em referência à anexação da Península da Crimeia por forças russas naquela época.

Nas zonas sob ocupação russa se realizariam até setembro referendos sobre a anexação. Tal processo é considerado ilegítimo por boa parte da comunidade internacional, como também ocorreu durante a anexação da Crimeia.

"Queremos deixar claro para o povo americano: ninguém se engana com isso. [Putin] está tirando o pó da cartilha de 2014", disse Kirby. O porta-voz acrescentou que estava "expondo" os planos russos "para que o mundo saiba que qualquer alegação de anexação é premeditada, ilegal e ilegítima", e prometeu uma resposta rápida dos EUA e seus aliados.

A imagem mostra uma ponte com vários buracos e sinalizadores. O local foi atingido por bombardeios na guerra na Ucrânia.
Atualmente controlada por tropas russas, ponte em Kherson foi atingida por bombardeios ucranianosFoto: Sergei Bobylev/TASS/dpa/picture alliance

Ucrânia danifica ponte controlada por russos

A ponte Antonovsky, localizada na província de Kherson, no sul da Ucrânia, foi "muito danificada" por bombardeios ucranianos, de acordo com a agência de notícias estatal russa TASS, citando funcionários russos instalados na região.

Em sua mais recente atualização, nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa do Reino Unido forneceu uma análise mais detalhada do ataque à ponte, que é controlada por tropas russas.

"É bastante provável que a ponte permaneça utilizável, mas é uma vulnerabilidade-chave para as forças russas. É um dos dois únicos pontos de passagem rodoviária sobre o rio Dnieper. Por eles, "a Rússia pode abastecer ou retirar tropas [que estão] no território que ocupou a oeste do rio".

Ainda segundo a inteligência britânica, "o controle das travessias do Dnieper provavelmente se tornará um fator-chave no resultado dos combates" no leste da Ucrânia. O ministério acrescentou que a Rússia tem apresentado "ganhos mínimos" em sua ofensiva na região do Donbass, "com forças ucranianas segurando a linha".

Putin acusa Ucrânia de não respeitar acordo

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que a Ucrânia não cumpriu os termos de um "acordo de paz" preliminar que teria sido "praticamente alcançado" em março.

"O resultado final, é claro: depende da vontade das partes contratantes de implementar os acordos que foram combinados", disse Putin, após uma visita ao Irã, sem divulgar detalhes do suposto pacto de paz.

O líder russo acrescentou que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos estariam dispostos a mediar entre seu país e a Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, não respondeu a esses comentários.

A imagem mostra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sentado, falando ao microfone, com as bandeiras de Rússia, Irã e Turquia ao fundo. Ele veste terno e gravata escuros, e camisa branca.
Putin acusa presidente ucraniano de não respeitar suposto acordo de paz proposto em marçoFoto: tasnim

Aliada da Rússia, Síria corta relações com Ucrânia

Parceira da Rússia no Oriente Médio, a Síria anunciou nesta quarta-feira que vai cortar relações diplomáticas com a Ucrânia. Conforme comunicado de seu Ministério das Relações Exteriores, o país "decidiu romper as relações diplomáticas com a Ucrânia em conformidade com o princípio da reciprocidade".

A medida teria sido tomada em resposta às "atitudes hostis" da Ucrânia. Em 2018, a Ucrânia recusou-se a revalidar as permissões de trabalho de diplomatas sírios em Kiev, impossibilitando-os de executar suas funções.

A Síria também já havia prometido reconhecer a "independência e a soberania" das regiões separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia. Na guerra na Síria, a Rússia interveio a favor do ditador Bashar al-Assad.

UE tem plano de emergência para gás

Em meio à preocupação de que a Rússia possa cortar totalmente as entregas de gás natural ao continente europeu no próximo inverno, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros que reduzam voluntariamente a demanda do produto.

O plano de emergência prevê o corte de pelo menos 15% do total consumido entre agosto e março. Alguns países da UE, como a Alemanha, são muito dependentes do gás russo. Em 2021, o bloco importou 40% de seu gás da Rússia. 

O projeto para um plano de contingência prevê que se dois ou mais Estados-membros da UE estiverem ameaçados por uma situação de emergência devido ao baixo fornecimento, "uma redução vinculativa da demanda de gás será implementada".

gb/av (AP, AFP, Reuters, DPA)