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Reações à Rússia

Agências (ca)25 de agosto de 2008

Seis meses após reconhecimento da independência do Kosovo pelo Ocidente, Parlamento russo dá sua resposta e exige reconhecimento da independência da Abkházia e Ossétia do Sul. Alemanha critica decisão.

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Separatistas carregam bandeira russa na Ossétia do SulFoto: AP

O governo federal alemão criticou duramente a decisão do Parlamento russo de, nesta segunda-feira (25/08), exigir o reconhecimento das províncias separatistas georgianas da Abkházia e da Ossétia do Sul, comentou o porta-voz Thomas Steg em Berlim.

Aproveitando a crise do Cáucaso, tanto o Parlamento russo (Duma) como o Conselho da Federação (câmara alta da Rússia) exigiram do presidente Dimitri Medvedev que reconheça a independência das províncias separatistas. Segundo um conselheiro do Kremlin, a Rússia procura assim obter embasamento legal para justificar a presença de suas tropas na Ossétia do Sul.

A decisão da Duma e do Conselho da Federação deverá ser tema do encontro de cúpula da União Européia (UE) convocado pelo presidente semestral do bloco, o chefe de Estado francês Nicolas Sarkozy, para discutir a crise no Cáucaso, na próxima segunda-feira em Bruxelas.

Integridade territorial da Geórgia

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Países bálticos desaprovam gasoduto teuto-russoFoto: picture-alliance/ dpa

O conflito do Cáucaso e as relações com a Rússia também são o principal tema da viagem de dois dias da chanceler federal alemã, Angela Merkel, à Suécia, Estônia e Lituânia. O projeto de construção de um gasoduto ligando a Alemanha e a Rússia através do Mar Báltico é bastante criticado pelos Países Bálticos e Polônia. Este também deverá ser o principal tema da conversa de Merkel com seu homólogo sueco, o conservador Fredrik Reinfeldt, nesta segunda-feira em Estocolmo.

Pouco antes do início da viagem de Merkel, o governo alemão criticou a decisão da Duma e do Conselho da Federação. A chefe de governo alemão exigiu da Rússia a imediata manutenção do plano de seis pontos para a manutenção da paz no Cáucaso, onde está prevista a retirada das tropas russas da Geórgia.

O porta-voz Steg declarou que a independência das províncias separatistas iria de encontro ao princípio da integridade territorial da Geórgia. "Desta forma, temos a esperança de que nem o governo russo nem o presidente dêem prosseguimento à decisão do Conselho da Federação", afirmou Steg.

Medvedev não é obrigado a acatar a decisão do Conselho da Federação. Segundo especialistas, ele poderá, no entanto, reconhecer a independência das províncias e, mais tarde, anexá-las.

Razões humanitárias

Russlands Präsident Medwedew unterzeichnet Friedensplan im Kaukasus
Mídia russa: Medvedev deverá reconhecer independênciaFoto: AP

No contexto da atual decisão, o presidente russo afirmou esperar novos passos da Otan, inclusive a suspensão do relacionamento. Ao mesmo tempo, Medvedev advertiu o governo da Moldávia de uma decisão militar do conflito da Transnitria, região moldava onde os habitantes também lutam pela independência. Por seu lado, o primeiro-ministro Vladimir Putin retirou promessas feitas pela Rússia nas negociações de admissão na Organização Mundial de Comércio (OMC).

Devido ao clima patriótico, a mídia russa considera que Medvedev deverá, mais cedo ou mais tarde, reconhecer a independência das províncias separatistas georgianas. Defensores da independência no Parlamento russo a justificam por razões humanitárias.

"Depois da agressão georgiana contra a Ossétia do Sul", nem seus habitantes nem os da Abkházia podem viver num Estado georgiano, comentou o presidente do Conselho da Federação, Serguei Mironov.

Conflito ainda maior com o Ocidente

Russische Soldaten in Georgien
Soldados russos na GeórgiaFoto: AP

Para o cientista político e conselheiro do Kremlin Gleb Pavlovski, a Rússia teria agora que obter fundamento legal para justificar a presença de suas tropas na Ossétia do Sul. "Se elas forem retiradas, teremos problemas na Ossétia do Sul, no Cáucaso, como também em todo o país. Por este motivo, a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia deve ser reconhecida", declarou o analista político pró-Kremlin ao jornal Isvetzia.

Somente com uma divisão da Geórgia, o estacionamento das tropas russas pode ser justificado. Devido ao conflito no Cáucaso, o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, anunciou a retirada de seu país da comunidade dos antigos países soviéticos (CEI). Assim, também ficou suspensa a legalidade da presença de tropas de paz russas nas regiões separatistas.

União Européia e Otan são unânimes quanto à manutenção da unidade territorial georgiana com base no direito internacional. Ao reconhecer a independência das províncias separatistas, após a invasão militar na Geórgia, o Kremlin poderá iniciar um conflito ainda maior com o Ocidente.