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"Europa foi complacente em sua própria defesa", diz Obama

25 de abril de 2016

Em Hannover, presidente americano faz duro apelo para que líderes europeus colaborem mais com a Otan e façam mais pela segurança de seu próprio continente. Mais 250 soldados dos EUA serão enviados à Síria.

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Foto: Reuters/K. Lamarque

O presidente americano, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira (25/04), em Hannover, que a Europa foi condescendente em sua própria segurança, e fez um desafio direto aos líderes europeus para que assumam mais responsabilidades para proteger o continente.

"Vim aqui hoje ao coração da Europa para dizer que os EUA e o mundo inteiro precisam de uma Europa forte, próspera, democrática e unida", disse Obama, em discurso de quase uma hora na maior feira de tecnologia industrial do mundo.

Ao destacar que a Otan precisa reforçar posições nas fronteiras de aliados como Polônia, Romênia e país Bálticos, Obama fez um apelo aos aliados para que aumentem sua contribuição com a Aliança Atlântica.

"A Europa foi, em alguns momentos, complacente em relação a sua própria defesa", disse o presidente americano, numa espécie de puxão de orelhas nos aliados que o observavam em Hannover. "É por isso que todo membro da Otan deveria contribuir com sua parcela de 2% do PIB, com vistas a nossa segurança comum. Isso é algo que não está acontecendo sempre."

Obama anunciou o envio de mais 250 soldados para a Síria a fim de apoiar as milícias locais que combatem o autodenominado "Estado Islâmico". Segundo ele, os militares contribuirão em trabalhos de "treinamento e apoio" e não fazem parte de uma missão de combate, mesmo que trabalhem perto dos frontes de batalha.

"Eles não vão liderar a luta em solo, mas ajudar as forças locais a fazer o 'Estado Islâmico' retroceder", destacou.

O presidente americano explicou que sua principal tarefa na Síria será tentar juntar aos árabes sunitas as unidades curdas que combatem os jihadistas do EI no nordeste do país. O contingente anunciado por Obama deve se unir aos 50 membros das unidades especiais do Exército dos EUA que já operam em solo sírio.

Reconstruindo relações

A Alemanha foi a última parada de uma viagem de seis dias de Obama, que tem procurado reforçar alianças dos EUA consideradas importantes para aumentar o comércio, derrotar o "Estado Islâmico" e contrabalançar a presença russa na Síria e na Ucrânia.

As relações entre Washington e Berlim foram arranhadas em 2013 por revelações de vigilância generalizada dos cidadãos alemães, incluindo o grampo do celular da chanceler federal Angela Merkel, pela Agência de Segurança Nacional (NSA).

Mas, nos últimos anos, os dois aliados da Guerra Fria têm corrigido as coisas, em estreita coordenação sobre a crise na Ucrânia e para que saia do papel – antes de que Obama deixa a Casa Branca – um acordo de livre-comércio entre os EUA e a União Europeia

As negociações sobre o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) têm sido difíceis, e o tempo está se esgotando.

Milhares de manifestantes segurando cartazes com frases de ordem como "Parem o TTIP" marcharam no sábado para expressar sua oposição ao acordo. Europeus e americanos temem que ele poderia custar empregos e erodir as proteções ao consumidor.

Na reta final de seu mandato, Obama foi à Alemanha depois de passar três dias em Londres, onde pediu aos britânicos que votem para permanecer na União Europeia no referendo de junho, cujo resultado, segundo frisou o presidente americano, poderia ter consequências econômicas globais.

No início da semana, ele se reuniu com líderes do Golfo, em Riad, para tentar acalmar os receios de que Washington tenha se tornado menos comprometida com sua segurança, especialmente após o acordo nuclear com o Irã, rival regional da Arábia Saudita.

Antes de retornar a Washington na segunda-feira, Obama tem uma reunião programada com Merkel, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente francês, François Hollande, e primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

Entre as questões que são esperadas para as discussões estará o maior compartilhamento de inteligência após os ataques terroristas na França e na Bélgica.

RPR/ap/rtrs