"Receitas fracassadas"
27 de janeiro de 2012Durante sua participação no Fórum Social Temático (FST) 2012, nesta quinta-feira (26/01), em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o evento é importante para a renovação de ideias que poderão ajudar no enfrentamento da atual crise econômica mundial. "Hoje vejo receitas fracassadas serem propostas na Europa", afirmou.
Segundo a presidente, que se disse insatisfeita com os resultados obtidos no último encontro do G20, em Cannes, na França, "não é fácil produzir novas ideias quando estamos dominados por preconceitos ideológicos". Ela discursou no ginásio Gigantinho para cerca de 6 mil pessoas, a maioria pertencente a movimentos sindicais e partidos políticos, como o PT e aliados.
E exemplificou ao lembrar do período histórico conhecido como "década perdida", no qual a América Latina enfrentou sérios problemas econômicos. "Nos anos de 1980 e 1990 foram preconceitos políticos e ideológicos que provocaram a estagnação, aprofundando a pobreza e o desemprego", disse a presidente.
Para Rousseff, a realização do FST poucos meses antes da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 – que acontecerá em junho, na cidade do Rio de Janeiro –, adquire importância estratégica diante das incertezas que atingem o mundo. "O desenvolvimento precisa ter na sustentabilidade ambiental uma condição imprescindível", enfatizou.
"Hoje o Brasil é mais forte, mais desenvolvido e mais responsável graças aos esforços do povo brasileiro e de seu governo. De acordo com a ONU, somos o país que mais tem feito pela redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa e já conseguimos tirar 40 milhões de pessoas da miséria", destacou a presidente.
Rio+20
Um pouco antes do seu pronunciamento, a presidente reuniu-se num hotel, no centro de Porto Alegre, com o Comitê Internacional do Fórum Social Mundial. Participaram do encontro, que teve como objetivo pautar os temas da Rio+20, aproximadamente cem representantes de organizações sociais de todo o mundo.
Segundo o integrante do Comitê Organizador do FST e da Comissão Nacional da Rio+20, Mauri Cruz, o fato de a presidente ter prestigiado o FST e não ter ido ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, dá bons indícios de que as propostas levantadas durante o evento recebam o apoio do governo brasileiro. "Somente com a pressão da sociedade e com o apoio dos governos conseguiremos fazer com que as ideias levantadas aqui saiam do papel", disse.
O FST se inscreve no processo do Fórum Social Mundial (FSM) e corresponde a uma etapa preparatória à Rio+20. O evento segue até este domingo em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, com foco na crise do capitalismo e justiça social e ambiental.
Ainda este ano devem acontecer mais 25 eventos do FSM– que acontece de forma descentralizada nos anos pares e centralizada nos anos ímpares– em outras partes do mundo, como Espanha, Canadá e Tunísia.
Autora: Caroline Eidt, de Porto Alegre
Revisão: Alexandre Schossler