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'Brain drain' preocupa

(av)24 de outubro de 2006

Em 2005, 145 mil pessoas emigraram da Alemanha, o maior número desde 1954. Mais da metade delas tinha menos de 35 anos. Seus motivos vão do mercado de trabalho difícil aos altos impostos e encargos sociais.

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Ministra Annette Schavan se ocupa do 'brain drain'Foto: picture-alliance / dpa

Emigrar é cada vez mais uma opção para os alemães. Embora a tendência não seja nova, o novo dado é que geralmente se trata de jovens profissionalmente qualificados, procurando a sorte no estrangeiro. Em 2005 a evasão de mão-de-obra bateu recordes: 145 mil deixaram o país, o número mais alto desde 1954.

O fato levou o presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Ludwig Georg Braun, a afirmar nesta segunda-feira (23/10) ao jornal Die Zeit: "Cada vez mais jovens voltam as costas à Alemanha".

Sinal de alarme

Longe vão os tempos em que os vizinhos europeus olhavam com inveja para os salários e instituições sociais do país. Os melhores médicos da Alemanha mudam-se para a Inglaterra, especialistas em informática vão para a Austrália, cientistas para os Estados Unidos ou a Suíça.

Um caso típico de brain drain, no jargão especializado: a evasão para o exterior da elite profissional de uma nação. Braun lembrou que bem mais da metade dos emigrantes alemães tem menos de 35 anos. "Entre eles estão muitas cabeças qualificadas e altamente motivadas. É um sinal de alarme."

Os motivos não se encontram apenas no mercado de trabalho. Muitos fogem por medo do sistema social decadente, falta de perspectivas ou as conseqüências das tendências demográficas. Muitos países simplesmente oferecem condições bem melhores de vida e trabalho. Segundo uma outra pesquisa, 60% dos estudantes universitários alemães consideram emigrar, depois de formados.

Fenômeno pouco pesquisado

Braun criticou, por exemplo, os altos impostos e custos sociais da Alemanha. Déficits na infra-estrutura de formação e orientação profissional também colocariam o país em desvantagem, na comparação européia.

"Por isso, a Alemanha deve finalmente enfrentar seus problemas estruturais", além de abrir o mercado de trabalho para estrangeiros bem qualificados, exortou Braun.

O alerta do presidente da DIHK é tão mais preocupante pelo fato de a evasão de cérebros ser relativamente pouco estudada. No momento, os institutos de estatísticas estão muito mais ocupados com as taxas de imigração para a Alemanha.

Brain gain compensa brain drain

A ministra do Ensino e Pesquisa, Annette Schavan, também se declarou preocupada com os altos índices de evasão. A Alemanha é sabidamente um celeiro de talentos, declarou em entrevista ao jornal Bild, "mas precisamos fazer mais para manter aqui a gente jovem e motivada".

Por sua vez, a Obra Raphael, ligada à Igreja Católica, apelou por maior objetividade na discussão. Segundo a entidade, muitos jovens que deixam o país para estudo e pesquisa acabam retornando após alguns anos, com maiores qualificações.

A diretora geral Gabriele Mertens conclui que, paralelamente ao brain gain, ocorre um brain gain, ou ganho de capacidades. A Obra Raphael oferece aconselhamento em assuntos de emigração e trabalho no exterior.