Exposição brinca com clichês sobre judeus
Uma exposição no Museu Judaico de Berlim brinca com clichês e traz mais perguntas que respostas.
Como reconhecer um judeu?
"Tudo o que você sempre quis saber sobre os judeus" é o subtítulo da exposição Toda a Verdade, do Museu Judaico de Berlim. Não há respostas reais. Em vez disso, há perguntas bem-humoradas e provocativas, acompanhadas por instalações de textos, filmes e objetos. Nesta foto, 70 quipás flutuam, pendurados no teto. Um deles é até decorado com uma estrela da Mercedes.
Judeu ou não?
Ao lhe perguntarem "quem é judeu?", David Ben Gurion, primeiro-ministro israelense entre 1948 e 1953, respondeu: "Para mim, é considerado um judeu quem for maluco o suficiente para se chamar assim". Na exposição, os visitantes veem 12 retratos de celebridades do passado e do presente e podem adivinhar quem delas é e quem não é judeu.
O que acontece com os bilhetes do Muro das Lamentações?
Centenas de bilhetes com orações são enfiados todos os dias nas rachaduras e fendas do Muro das Lamentações, em Jerusalém. Um símbolo da aliança com Deus. Mas algum dia, um fim deve ser dado a eles, como mostra esta colagem de fotos. Os papéis são, na verdade, enterrados posteriormente no Monte das Oliveiras.
Pode-se fazer piadas sobre o Holocausto?
Os visitantes devem decidir isso sozinhos. Alguns ficam indignados com os trechos de séries cômicas dos EUA ou piadas do comediante alemão Oliver Polak mostrados na exibição. Outros acham engraçado. Uma ampliação mostra uma charge de Dave McElfatrick sobre a dificuldade de se namorar uma prisioneira de campo de concentração. "Deixe-me escrever meu número no seu braço…droga! Não há mais espaço!"
A Alemanha tem uma relação especial com Israel?
Os visitantes mergulham na diversidade das relações entre israelenses e alemães: um presente para o presidente Joachim Gauck está ao lado de um avental e uma receita de Tom Franz, que ganhou um duelo de cozinheiros popular na TV israelense e se tornou o alemão mais famoso de Israel.
Solenidade de Estado
Sob a vitrine, um documento historicamente importante sobre a relação especial entre os dois países: o original do Acordo de Luxemburgo, assinado em 1952 por Konrad Adenauer e Moshe Sharett. Nele, a Alemanha se comprometeu a indenizar as vítimas judias do nazismo com 3 bilhões de marcos.
Os judeus são supersticiosos?
Os desenhos nas placas de cerâmica simbolizam a superstição, coisas também conhecidas por muitos não judeus: gatos pretos, trevos de quatro folhas, ferraduras e o místico número sete. A instalação de Michal Adler-Shalev é complementada com uma citação: "As pessoas civilizadas perdem facilmente sua religião, mas raramente sua superstição." (Karl Goldmark, compositor e violinista, 1830-1915).
Ainda há judeus na Alemanha?
Sim, como é comprovado pela obra em carne e osso "Judeus em vitrines". Nela, um judeu, ali sentado, responde a perguntas dos visitantes. Assim, a exposição faz uma referência, de forma provocativa, a acusações contra museus sobre o judaísmo de que usariam os judeus como itens de exibição.
Por que a circuncisão é importante?
Para alguns, é uma violação bárbara dos direitos humanos, para outros, um rito religioso inofensivo. Circuncisão de bebês do sexo masculino foi recentemente motivo de controvérsia na Alemanha, depois que um tribunal regional o equiparou a uma agressão física. Manifestantes protestaram usando camisetas com os dizeres "somos circuncisados" e broches convocando simpatizantes da causa a usarem quipás.
Os judeus são muito...?
Muito se conta sobre os judeus. Aqui, os próprios visitantes devem decidir, eles mesmos, qual o clichê que melhor se encaixa nos preconceitos que carregam. Com moedas, distribuídas junto com o ingresso, podem decidir se consideram os judeus muito empreendedores, amantes dos animais, influentes, inteligentes ou bonitos.